Mais eficiência, menos imponência: ou a atualidade de um
slogan estudantil dos anos 1960
Otávio Luiz Machado*
Em 1960, quando
os estudantes da antiga Escola de Engenharia de Pernambuco (atual CTG da UFPE)
se insurgiram contra as deficiências de sua Escola, o objetivo principal era
demonstrar que a criação de uma grande estrutura física de antemão se
demonstrava obsoleta e deficiente para a tão sonhada modernização educacional
que se apregoava, pois sem a contratação de técnicos especializados e de uma
gestão mais atualizada e menos burocratizante nesse espectro nada adiantaria.
As lideranças cunharam sua luta “Mais eficiência, menos
imponência”, fazendo um protesto público que marcou as gerações seguintes, pois
serviu de parâmetro para as medidas adotadas posteriormente pelo corpo diretivo
da instituição.
A reflexão de uma época histórica me
veio após ter acesso aos últimos dados divulgados que apontam a queda dos
índices de desempenho da graduação da UFPE, que de uma única vez retirou a UFPE
como a melhor do Norte e Nordeste do País e colocou cursos antes bem avaliados
na lista-negra dos cursos do MEC.
O grande trunfo da UFPE é a presença
de um corpo docente qualificado, tendo a sua grande maioria com título de
doutor, sem contar um corpo de estudantes bem preparados, o que ajuda no
desempenho curricular.
No item de infra-estrutura, de número
de bolsas para estudantes e de gestão de processos administrativos encontram-se
enormes gargalos, assim comprometendo a
viabilização de uma permanência satisfatória nos cursos e a maior fluidez no desempenho das atividades
acadêmicas.
A atual gestão chega a 30% do seu
mandato, dando respostas públicas após a divulgação dos resultados da graduação
apostando em obras e mais obras.
Talvez uma resposta menos
quantitativa e sem o demonstrativo de imponência – para varrer para baixo do
tapete tantas outras questões prioritárias – fosse chamar a comunidade para um
grande debate sobre a universidade que todos querem, pois é sabido que dessa
vez não se pode dar uma justificativa na perda de posições nas avaliações com a
tão comum falta de verbas, pois seu orçamento é de quase R$1 bilhão.
É preciso ouvir a sociedade que paga
a conta, inclusive aperfeiçoando os canais de divulgação e de diálogo não só
com o entorno do campus, mas com as comunidades periféricas, criando-se assim
um campo de novas possibilidades e um novo discurso sobre universidade.
Em 2013 é a vez da divulgação da
avaliação trienal da pós-graduação, tratando-se não apenas do ensino, mas
também da pesquisa na instituição.
É preciso que a instituição se
antecipe aos resultados dando respostas efetivas não só ao que os números
trazem, mas trazendo do diagnóstico da situação global os caminhos que devem ser percorridos para que
só após a chegada dos números ações sejam tomadas.
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