quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

OPINIÃO: Mais eficiência, menos imponência: ou a atualidade de um slogan estudantil dos anos 1960 (Por Otávio Luiz Machado)

Mais eficiência, menos imponência: ou a atualidade de um slogan estudantil dos anos 1960
Otávio Luiz Machado*

        Em 1960, quando os estudantes da antiga Escola de Engenharia de Pernambuco (atual CTG da UFPE) se insurgiram contra as deficiências de sua Escola, o objetivo principal era demonstrar que a criação de uma grande estrutura física de antemão se demonstrava obsoleta e deficiente para a tão sonhada modernização educacional que se apregoava, pois sem a contratação de técnicos especializados e de uma gestão mais atualizada e menos burocratizante nesse espectro nada adiantaria.
As lideranças cunharam sua luta “Mais eficiência, menos imponência”, fazendo um protesto público que marcou as gerações seguintes, pois serviu de parâmetro para as medidas adotadas posteriormente pelo corpo diretivo da instituição.
A reflexão de uma época histórica me veio após ter acesso aos últimos dados divulgados que apontam a queda dos índices de desempenho da graduação da UFPE, que de uma única vez retirou a UFPE como a melhor do Norte e Nordeste do País e colocou cursos antes bem avaliados na lista-negra dos cursos do MEC.
O grande trunfo da UFPE é a presença de um corpo docente qualificado, tendo a sua grande maioria com título de doutor, sem contar um corpo de estudantes bem preparados, o que ajuda no desempenho curricular.
No item de infra-estrutura, de número de bolsas para estudantes e de gestão de processos administrativos encontram-se enormes gargalos, assim comprometendo  a viabilização de uma permanência satisfatória nos cursos e  a maior fluidez no desempenho das atividades acadêmicas.
A atual gestão chega a 30% do seu mandato, dando respostas públicas após a divulgação dos resultados da graduação apostando em obras e mais obras.
Talvez uma resposta menos quantitativa e sem o demonstrativo de imponência – para varrer para baixo do tapete tantas outras questões prioritárias – fosse chamar a comunidade para um grande debate sobre a universidade que todos querem, pois é sabido que dessa vez não se pode dar uma justificativa na perda de posições nas avaliações com a tão comum falta de verbas, pois seu orçamento é de quase R$1 bilhão.
É preciso ouvir a sociedade que paga a conta, inclusive aperfeiçoando os canais de divulgação e de diálogo não só com o entorno do campus, mas com as comunidades periféricas, criando-se assim um campo de novas possibilidades e um novo discurso sobre universidade.
Em 2013 é a vez da divulgação da avaliação trienal da pós-graduação, tratando-se não apenas do ensino, mas também da pesquisa na instituição.
É preciso que a instituição se antecipe aos resultados dando respostas efetivas não só ao que os números trazem, mas trazendo do diagnóstico da situação global  os caminhos que devem ser percorridos para que só após a chegada dos números ações sejam tomadas.
 
*É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br 
 

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