terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OPINIÃO: O Prefeito João da Costa falando para os peixinhos dos jardins da Prefeitura de Recife (Por Otávio Luiz Machado)



O Prefeito João da Costa falando para os peixinhos dos jardins da Prefeitura de Recife
Otávio Luiz Machado*

Na última sexta-feira (30 de novembro de 2012) presenciei uma das cenas mais deprimentes em toda a minha vida: os cidadãos que queriam ficar próximos da reunião de onde decidiria os rumos da cidade do Recife na Prefeitura de Recife ficaram isolados, constrangidos ilegalmente,  humilhados, sem informação correta de como adentrar corretamente naquele espaço público  e sem condição alguma de participar do poder estatal nem como mero observadores. 



O fato das informações “desencontradas”  intencional ou não dadas por funcionários da Prefeitura do Recife já permitem qualquer cidadão nesse ínterim sofrer CONSTRANGIMENTO ILEGAL, pois se barravam inclusive entradas de incêndio e escadas mandar ir pelos elevadores, que por si só já havia a ordem de não parar nos andares de número 7, 9 e 12. Quando se questionava esses dois “canais” depois de muita conversa diziam que era melhor procurar o gestor do prédio no 8º andar, que por sua vez pedia gentilmente ao cidadão interessado falar com um inspetor da Guarda lá no térreo.
Lá do 12º andar uma pessoa chamada por “major” era quem transmitia as informações para a repressão ao ato, pedindo mais ou menos reforço para reprimir quem queria se fazer  EXISTIR como cidadão. Nem assessoria de comunicação ou chefia de gabinete da Prefeitura podia ser acionada para garantia do direito de estar num prédio público sem constrangimento.
Lá embaixo vendo o lindo aquário nos jardins da prefeitura de Recife dá para perceber que o diálogo com o Prefeito João da Costa é o mesmo que quem passa por lá tem com os inofensivos peixinhos: nenhum.



Mas os peixes graúdos da política e do empresariado local falam entre si a linguagem dos peixes que poucos cidadãos entendem: malas com milhões de reais, propinas, troca de favores, venda da cidade, interesses contrários à maioria etc.
O jornalista Chico José me parece que é um dos poucos brasileiros que consegue dialogar com os golfinhos de Fernando de Noronha pela sua intimidade com o local e os seus habitantes aquáticos, mas numa cidade como Recife nem com os peixinhos dos jardins da Prefeitura o cidadão consegue criar um canal de diálogo com aquela instituição que faz parte do seu dia-dia, porque por mais nos acostumes e a passemos a  conhecer esses cidadãos que tomam contra da prefeitura de Recife, só com a linguagem dos peixes graúdos será possível  traduzir os nossos anseios, dúvidas e expectativas quanto à administração da cidade.
Seja noite, seja dia, porque se mantemos um ar-condicionado ou ventilado ligados enquanto dormimos nem nos nossos piores pesadelos imaginamos que até dormindo a prefeitura arranca da gente os nossos tributos via conta de energia elétrica.
À luz do dia quando vamos lá reivindicar a melhor aplicação daquilo que pagamos até dormindo, a porta é fechada na nossa cara.
Quem lá no futuro  for escrever sobre a história de João da Costa na Prefeitura de Recife deverá se perguntar:  o que ele faria se fosse prefeito numa conjuntura de ditadura civil-militar, diante de um governo tão autoritário num contexto democrático? Uns vão desconstruir essa visão que temos apontando com o Orçamento Participativo,  que é importante frisar que boa parte dos seus membros são militantes que não estão lá como fiscais ou delegados da cidadania, só para cumprir tabela e ordens do “chefe”.
Outro fato gravíssimo foi ver que àqueles que diziam estar lá para proteger os cidadãos nem isso cumpriram, porque até saídas de emergência foram LACRADAS.



O fato é que a cidade já manifestou na última eleição  João da Costa Nunca Mais. O Prefeito se mostrou alguém sem ambição de continuar na Política, pois ele mostra que parece ser a Prefeitura onde ele conseguiu extrair tudo que queria. Ele não pode ser esquecido, precisa ser lembrado por suas ações e omissões. 


Infelizmente a nossa legislação não é boa o suficiente para impedir que prefeitos comandando interesses escusos ao fim de seu mandato sejam minimamente punidos.  Que o próximo prefeito se responsabilize pelas besteiras de um prefeito autoritário e discuta de verdade a cidade com seus cidadãos, começando por revogar qualquer medida “aprovada” em fim de mandato do Sr. João da Costa. Essa sim, deverá ser a sua primeira medida na Prefeitura, a principal, a mais coerente. O “resto” nos julgaremos no calor dos acontecimentos!


*É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

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