quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O debate da TV Jornal e o desempenho dos candidatos a Prefeito de Recife (Por Otávio Luiz Machado)




O debate da TV Jornal e o desempenho dos candidatos a Prefeito de Recife
Otávio Luiz Machado*

            O debate da TV Jornal ontem (25 set. 2012) foi bastante repercutido no twitter e chegou a ficar no topo dos cinco assuntos mais comentados no Brasil. Teve também uma boa audiência pela TV e na própria internet.
            Um debate nessa fase da campanha é importante porque mostra o que cada candidato aprendeu ao visitar toda a cidade, ao ter oportunidade de contato direto com milhares de pessoas e ao poder obter uma visão panorâmica do que precisa ser mudado de fato na cidade, sem contar a sistematização de tudo isso no programa de governo ou na plataforma eleitoral.         
            No debate praticamente todos os candidatos repetiram seus bordões que estão divulgados por aí, inclusive podendo falar abertamente sem truques  tendo como questionadores seus adversários que lá estavam.
            Não foi um debate morno, porque o acirramento dos ânimos esteve presente do início ao final. Na primeira oportunidade que Humberto Costa teve para perguntar ao candidato Geraldo Júlio o assunto trazido foi a privatização da Compesa, que foi solenemente rebatida por ele.
            A organização do Debate errou feio ao conceder um minuto de direito de resposta só porque Humberto Costa disse que Geraldo Júlio era a favor dessa privatização. Na campanha o adversário pode sim levantar questões que consideram que serão efetivamente levadas pelos seus adversários, mas isso foi considerado uma calúnia ou ofensa, funcionando mais como censura do que qualquer outra coisa.
            O posicionamento de uma câmera entre os candidatos Mendonça Filho e Geraldo Júlio deixava que a imagem do próprio Mendonça ou até de Daniel Coelho quando eles estavam falando aparecessem lado a lado com a de Geraldo Júlio. Assim, Geraldo Júlio foi o que mais teve sua imagem exposta no vídeo, embora considere que isso mostrou um candidato tímido, que não sabia para onde ficava olhando e não raro o mostrava consultando diversos papéis como se estivesse decorando um roteiro de novela das oito.
            É óbvio que o tema que tomou grande parte do programa foi o da privatização da Compesa, mas também teve espaço para a saúde, a segurança pública, a experiência política dos candidatos, a educação e outros mais.
            Não houve nenhum grande embate entre Mendonça Filho com os demais candidatos, mas sim entre Humberto Costa e Geraldo Júlio e entre Daniel Coelho e Geraldo Júlio. Geraldo tentou pegar Daniel sobre a sua possível falta de proposta para os problemas das encostas nos morros, porque Daniel focou na questão da educação ambiental. Aí Geraldo disse que ele fugia das questões e ficava enrolando. Daniel respondeu que sua resposta era conceitual, eis a diferença entre um técnico e uma liderança.No caso de Humberto e Geraldo, o clima ficou estremecido quando o assunto foi a privatização da Compesa, sem contar o assunto da candidatura do PT.
            Humberto apostou e acertou quando “colou” João da Costa ao PSB, inclusive o colocando como militante da candidatura de Geraldo Júlio. Também ilustrou que o vice-prefeito e diversos secretários ligados ao PSB também tinham responsabilidade na gestão de João da Costa, o que é verdade.
            Mas o campeão de agressões aos adversários foi Geraldo Júlio, o que é contraditório. Num dos momentos de sua fala começou a acreditar a cada um dos adversários com qualidades negativas. Nisso permitiu que ele também fosse o candidato campeão de erros, porque um triplo direito de resposta foi concedido a desfavor de Geraldo Júlio. Daniel disse na hora de usufruir do seu direito de resposta em relação a Geraldo: “foi o único que conseguiu agredir os três ao mesmo tempo”. Humberto ressaltou que foi ele que defendeu o governo Eduardo Campos das agressões do agora aliado Jarbas Vasconcelos. Ilustrou que defendeu Arraes e Eduardo à época dos precatórios, quando Jarbas os fuzilava verbalmente a qualquer hora do dia e da noite.
            Mendonça Filho ressaltou sua experiência como governador, falou das parcerias que fez com a Prefeitura e colocou-se como o candidato que saberá de fato tirar a cidade da situação atual se comparado com os demais.
            Geraldo também foi o candidato do “medo”. Disse que a crise do PSB com o PT poderia afundar e “levar o governo de Pernambuco junto”. Não raras tais declarações foram dadas com muita arrogância, o que levou o candidato Humberto Costa a definir que para uma liderança era fundamental o respeito e a humildade.
            Humberto Costa foi o único a passar ao mesmo tempo suas idéias para Recife e as questões atuais que estão no foco da disputa eleitoral. Falou que o PT está crescendo no País, que seu partido mudou a vida de muita gente e explicou que foi preciso uma medida no PT de Recife para mudar o comando para manter a mesma política. Humberto Costa e João Paulo são para mim os melhores  candidatos e merece de fato ser eleitos para a Prefeitura do Recife.
            Uma possível vitória de Geraldo Júlio significa a concentração de todo o poder do Estado na órbita do governador Eduardo Campos, cujo governo tem lançado mão de todo tipo de estratégia para reprimir os movimentos sociais e os que não concordam com seu governo. Também indica que o “Geraldo Proíbe” vai ganhar contornos mais precisos diante do seu modo de ser e agir na campanha. Como Prefeito ...
Por incrível que pareça, o único candidato que não passou confiança para quem assistiu foi Geraldo Júlio. Sua arrogância só demonstra que vem da falta de confiança e do desconhecimento dos desafios de uma prefeitura como é o caso da cidade de Recife. A prepotência de quem se sente o melhor do mundo, a judicialização da campanha eleitoral quando pretende proibir a qualquer um a levantar questões e dúvidas sobre suas idéias e atos, o despreparo em dialogar com o diferente e a sua sustentação como candidato a um simples esquema de marketeiros nos deixam perguntando como seria uma prefeitura sob sua coordenação. Geraldo Júlio foi o único candidato que demonstrou no debate da TV Jornal que não aprendeu nada nesses meses de campanha. Até agredir o pai do candidato Daniel Coelho ele foi capaz. Isso não foi só indelicaleza, não, mas a apresentação de traços autoritários incontornáveis. Geraldo também  parece muito com o Prefeito João da Costa no item de candidato inventado, que está aí como o pior exemplo para todos, também tem o próprio apoio dele nessas eleições. Repetir o mesmo erro é burrice.
           
*É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

terça-feira, 25 de setembro de 2012

OPINIÃO: A reta final do primeiro turno das eleições 2012 e as primeiras boas lições que o pleito nos deixa (Por Otávio Luiz Machado)

A reta final do primeiro turno das eleições 2012 e as primeiras boas lições que o pleito nos deixa
Otávio Luiz Machado*

Já estamos nos aproximando da última semana de campanha eleitoral, tendo ainda uma margem muito favorável à troca de posições dos preferidos entre os nomes que postulam a Prefeitura de Recife nessa reta final pelo eleitorado.
Por mais que nos esforcemos para antecipar tendências ou indicar os possíveis vencedores, a eleição de 2012 nos passa a lição de que o eleitor está mais preparado e interessado em tornar o seu voto uma arma de mudança. Só do eleitor estar apostando em vários caminhos indica que os currais eleitorais estão perdendo força. A dificuldade de decifrar a priori as escolhas do eleitor – como o contraste entre as pesquisas apontam – nos indica claramente que o eleitor pensa, repensa, estuda e modifica o seu voto com mais freqüência até o momento final da “escolha”, o que é um enorme avanço. O que significa que só o resultado final das urnas poderá  nos fornecer todas as respostas que pensamos que temos e não temos.
Até agora diversos mitos foram desfeitos, como a “lavada” do primeiro turno pelo PT ou o PSB. Nada disso se concretizou em nenhum dos dois lados. Outros como a morte da oposição – que se mostra mais viva como nunca com Daniel Coelho -, o poderio total de Eduardo ou de Lula na condução de seus “apadrinhados” ou a flexibilidade dos tribunais para a inscrição de candidatos fichas-sujas são fatos que indicam o amadurecimento da nossa democracia.
As pesquisas de intenção de voto não batem muito entre si, embora apontam um provável segundo turno e a incerteza quanto a quem disputará com Geraldo Júlio.  Um quadro que pode ser modificado até os últimos momentos da eleição, porque embora a transmissão da campanha pela TV vai ser encerrado dias antes do pleito de 07 de outubro, ainda se tem a “internet” que pode criar tendências horas antes do início da votação e mudar os rumos, porque as margens numéricas estão muito próximas. Ainda temos os eleitores que ainda não se decidiram de fato que, embora sejam bem reduzidos nessa altura do campeonato, também ajudarão a embolar o embolado jogo em alguns dos seus aspectos.
Será em 2012 que pela primeira vez poderemos avaliar isso, porque de 2010 para cá cresceu significativamente o número de cidadãos conectados e ampliou enormementente a utilização do facebook, do twitter, do acesso a blogs e do aparelho celular como ferramentas de acesso e difusão de informações.
O crescimento da candidatura de Geraldo estacionou, a de Daniel Coelho cresce num ritmo galopante e a de Humberto, quando não saiu do mesmo lugar, tendeu mais a diminuir do que crescer.
A candidatura de Humberto é a que se encontra num grande dilema: se trabalha para tirar votos de Geraldo, fortalece Daniel; se trabalha para tirar votos de Daniel fortalece Geraldo. Então, se mexe errado em algo dá gás a Geraldo ganhar no primeiro turno ou de Daniel estar lá na posição de segundo lugar que  o PT passou a ocupar.
A mudança de votos das camadas mais abastadas ou mesmo das camadas médias nessa altura do campeonato pode ser mais difícil, porque se não escolheram o PT certamente nesse momento não o farão. As camadas desprivilegiadas vai ser a grande “mina”, o que não é por acaso que todos os candidatos se concentram mais nelas nesse momento.
O PT nas condições atuais, que viu seus votos serem divididos pela metade no teste de força contra o Prefeito João da Costa e a candidatura que surgiu (ou sendo subtraídos a cada nova crise nas mais diversas dimensões), também vai passar por um novo teste agora na fase do julgamento pelo STF do chamado núcleo político envolvido no “Mensalão”. A figura de Lula começou a ser largamente atacada nos últimos dias, o que tende a ser maior nos próximos dias.
O PSB errou muito ao dar a Geraldo o crédito a tudo que foi feito no governo Eduardo Campos, cuja propaganda repetitiva começou a se voltar contra si com a propaganda maciça do PT questionando a possível “autoria” de Geraldo nisso tudo, que começou a ganhar contornos claros com a campanha nas mídias sociais ironizando através da página “Foi Geraldo que fez” e nos próprios atitudes de Geraldo, que se passou de bonzinho ao retirar todos os cavaletes mesmo por dois meses poluindo a cidade, que num debate que teve repercussão quando  disse que monitorou Humberto enquanto Secretário das Cidades, tudo isso bem divulgado por formadores de opinião, setores da mídia e amplamente na “internet”.
A contra-propaganda do PT tendo como alvo Geraldo Júlio só fortaleceu Daniel Coelho, que não teve um grande padrinho para trazer para si, mas teve seus méritos para ganhar seus próprios votos.  Na participação dos padrinhos, Geraldo Júlio teve a presença do governador Eduardo Campos em tudo que é peça publicitária e até pessoalmente nos atos de campanha. Na de Humberto, o ex-Presidente Lula figurou somente nas peças publicitárias, mas teve o vice João Paulo envolvido em tudo que foi feito. Como Prefeito por oito anos numa gestão avaliada como excelente, também faz toda a diferença.
O PT até agora – tomando as mídias sociais para análise – não fez campanha “puxando” votos para o seu candidato majoritário porque faltaram conteúdo e relevância no que foi divulgado. Quando partiu para o ataque contra Geraldo Júlio, na verdade começou a fazer campanha gratuita para Daniel Coelho, o que só demonstra um esforço em vão até o momento. Se vai conseguir reverter isso em menos de duas semanas só o tempo vai dizer.
É normal as mudanças de estratégias das candidaturas nesse momento, principalmente para as que precisam se consolidar em busca de mais votos, o que abrange a todas, seja para ir para o segundo turno, seja para ganhar no primeiro turno. Quem errar menos vai levar ou seguir adiante.
O clima de já ganhou da campanha de Geraldo Júlio vai deixar sua campanha mais morna. Sem contar o desânimo dos seus candidatos a vereador quando passarem a entender  que só pouquíssimos tinham chances de se eleger e que só trabalham para eleger Geraldo Júlio sem vislumbrar  nenhum espaço caso ele seja eleito, porque a disputa por cargos vai ser mais acirrado que a eleição diante da imensidão de gente interessada nas “boquinhas”. Colocar essa gente toda na Prefeitura não tem como não, porque tudo indica que uma boa parcela será destinada aos apadrinhados de João da Costa, sendo até necessárias quatro secretarias para acomodar os membros e associados de legendas como PMDB e PTB. A briga vai ser grande se Geraldo ganhar!
O candidato que chegar à Prefeitura vão precisar cortar muitos gastos para fazer tudo que prometeu. Para cada novo funcionário que prometem colocar por concurso, no mínimo dois cargos comissionados  precisam ser extintos para pagar a conta e criar as condições de trabalho para o novo servidor. Não tem como, por exemplo, dobrar o efetivo da Guarda Municipal com o atual efetivo de funcionários comissionados, porque vai estourar o orçamento e enquadrar o prefeito na Lei de Responsabilidade Fiscal que determina até quanto se pode gastar com pessoal. A máquina está emperrada e vai ser preciso muito trato para colocar as pessoas certas nas funções certas seja quem o eleito.
O PT deve intensificar sua campanha e lutar para chegar ao segundo turno. O esquenta mesmo vai dar nas campanhas de Humberto e Daniel, porque a campanha de Geraldo Júlio chegou ao seu ponto de saturação, tendendo agora para a estagnação caso não se corrijam os principais pontos soltos da campanha.
Os últimos debates de Tv vão tendem a dar o molde final às  intenções de voto, sem contar o trabalho intensificado das militâncias que só deve  cessar com o fechamento das urnas do dia 07 de outubro. A “internet” deve ficar sobrecarregada nos próximos dias com propagandas eleitorais, também, assim como as instâncias judiciais que serão acionadas de todas as formas visando influenciar muito mais as decisões dos eleitores e neutralizar as demais candidaturas do que uma busca efetiva por justiça. Vamos acompanhando tudo isso até lá!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

OPINIÃO: A primeira grande vitória do “esquecimento” sobre o direito à memória e à verdade em Pernambuco (Por Otávio Luiz Machado)

A primeira grande vitória do “esquecimento” sobre o direito à memória e à verdade em Pernambuco
Otávio Luiz Machado*

         No presente texto pretendo fazer considerações profundas sobre o trabalho da Comissão Estadual da Memória e da Verdade de Pernambuco que leva o nome de Dom Helder Câmara. É melhor levantar algumas questões agora no início dos trabalhos da Comissão ao invés de deixar isso só para o final dela.Primeiro porque tratamos de duas questões  importantíssimas: a memória do País e o uso de recursos públicos do País.
         Ontem (20 de setembro de 2012) o nome mais importante para o esclarecimento de diversos crimes de agentes públicos ou pessoas comuns num aparato repressivo esteve presente para ser ouvido pela Comissão, mas seus membros não tiveram capacidade de conduzir bem a coleta do depoimento, embora é importante frisarmos que todos estavam diante de uma pessoa fria, que calculava bem cada palavra que pronunciava e não se mostrava arrependida de nada do que se envolveu.
O ex-Major da Polícia Militar de Pernambuco José Ferreira dos Anjos disse o que quis e da forma que lhe foi mais conveniente, pois faltou preparo e esforço do conjunto da Comissão em tornar aquele momento um marco no início efetivo do resgate histórico da repressão em Pernambuco. 




Antes de passar adiante cabe uma análise da análise do que ocorreu ontem pela imprensa e pelos próprios membros da comissão.
O JC na sua capa de hoje (21 de setembro de 2012) estampou oseguinte manchete: “Ex-Major Ferreira abre o verbo sobre a ditadura na Comissão da Verdade”. Na matéria o jornalista diz que é inédita a inserção do nome do empresário Roberto Souza Leão à lista dos apoiadores da repressão em Pernambuco. Ainda errou o nome da viúva de Candido Melo, que é Joana Melo. Mas teve o diferencial de ouvir alguém ligado à família do citado empresário, que teve pelo menos a oportunidade de dar outra versão dos fatos. Alguns membros da Comissão consideraram o depoimento dele evasivo, como é o caso de Nadja Brayner e Roberto Franca, segundo a matéria citada do JC.
A matéria da Folha de Pernambuco intitulada “Ex-major Ferreira aponta nomes que foram do CCC”  foi mais representativa porque trouxe a percepção dos presentes de que o depoimento do ex-Major Ferreira frustrou a todos, inclusive tendo como ponto alto a fala da viúva de Cândido sobre o desconhecimento do militar sobre o atentado a Cândido: “ele tinha a missão de vigiar o meu marido e disse que não soube do atentado. Isso é impossível, como é que ele não soube quem tentou matar meu marido?”.
No Diário de Pernambuco a matéria “As poucas explicações de Ferreira”, além de trazer a visão dos que foram perseguidos quanto ao depoimento de Ferreira, ainda teve o bom senso de trazer o tom “decepcionante” do depoimento.
O JC foi o único dos grandes jornais a dar capa para o depoimento do ex-major. Nem Folha de Pernambuco e nem o Diário de Pernambuco deram tanta atenção a isso no principal espaço de visibilidade.
Mais agora entro com as minhas percepções da sessão de ontem. A começar pela disposição dos membros da comissão e do depoente no local escolhido, diria que posição do depoente de frente para os membros seria a mais adequada, porque é preciso ter o face a face na conversa e não lado a lado. A maioria dos membros da comissão fez as perguntas sentados numa cadeira ao lado e iam se revezando nisso. Mas o principal nome – a relatora do caso de Cândido Pinto Nadja Brayner – o fez distante do depoente e sem possibilidade alguma do face a face.
Como ela militou com Cândido Pinto na época que ele sofreu o atentado e certamente o ex-major Ferreira a “monitorou” naquele período,  ou a membro teve medo de se aproximar ou o ódio  a ele foi tamanho que não permitiu o “olho no olho”. Ou ainda faltou melhor organização para a sessão.
As perguntas promovidas pelos membros da Comissão até que não foram tão ruins, mas faltou sintonia, concatenação, articulação e mais firmeza na argumentação. Era preciso mesclar questões mais objetivas e diretas com questões mais conceituais. No único momento que ele começou a se abrir para explicar o surgimento do DOI-CODI foi interrompido.
Ele estava disposto a contar como era o ambiente dos aparelhos repressivos e do clima na época, mas além de ser interrompido pela relatora Nadja Brayner, também foi interpelado com mais uma piadinha do membro Pedro Eurico que dizia que na demorada fala sobre Cuba só faltava ele concluir que foi Cuba que possibilitou criar o DOI-CODI. Isso foi um desrespeito com o depoente e também com o público. Ali não era ambiente para isso e nem precisava disso. Não é brincando que se vai arrancar informações preciosas.
Também foram vários momentos mecânicos com o pergunta/resposta sem a promoção de um cenário favorável para que o depoente se sentisse disposto a colaborar. As piadinhas e as ironias de diversos membros assombraram da mesma forma que o “silêncio” do depoente.
O ex-Major não convence que em abril de 1969 estava somente cumprindo ordens do Exército para prender os estudantes que haviam sido presos anteriormente em Ibiúna. O caso de Ibiúna é de outubro de 1968. Esse álibi mascara a realidade daquele momento preciso. Dava para explorar do ex-major que em abril de 1969 foi aberta a temporada de “caças aos comunistas”, tendo ele com um dos nomes fortes para isso. O assunto não era simplesmente prender estudantes, mas ir além.
É muita coincidência que o único que ele não conseguiu prender ali no “bolo” foi o primeiro a levar bala no corpo. Inclusive o que ele procurava “sem localizar” estava na lista do Comando de Caças aos Comunistas (CCC) como o primeiro da “lista” para morrer. O que deixa transparecer que o ex-Major não entrou no caso para simplesmente prender Cândido, e sim promover algo mais.
O que me chamou bem a atenção foi a falta de menção à “Carta aos Professores”, que foi escrita por Cândido Pinto semanas antes de ser baleado.




 

Também poderia ter sido explorado mais o Decreto-Lei 477 (de fevereiro de 1969), que foi mais um instrumento para perseguir os estudantes, que foi o grupo social que mais combateu a ditadura civil-militar no nosso País.
Esses estudantes já estavam devidamente fichados e já sofriam “monitoramento” nas faculdades. Mas é fato que para chegar aos que interessavam precisam prender tantos outros para não deixar suspeitas, pistas ou argumentos de que a perseguição às lideranças era algo incansável e brutal.
O fato é que o Decreto-Lei mostrou-se insuficiente nos primeiros meses depois de sua vigência para reprimir. Também havia a feliz complacência de diversos gestores e professores com a liberdade de expressão dos estudantes, o que irritava as forças de repressão. O início das prisões em massa e os atentados aos mais visados era uma força de pressão para que as universidades se adequassem ao sistema repressivo vigente na sua totalidade.
O assunto da reforma universitária – com a diminuição das possibilidades de protestos internos – estava na ordem do dia. Sem contar que a comemoração aos cinco anos do golpe gerou atos espetaculares e radicais por toda parte. Com efeito, em 31 de março de 1969, houve a palestra intitulada “A reforma universitária e a revolução democrática de 31 de março de 1964” , durante a qual o “Professor”  Ernani Silva fez considerações sobre o tema na UFPE: “Entre as metas previstas pela vitoriosa Revolução Democrática de 31 de março de 1964, se sobressae pelo seu conteúdo e significação, a Reforma Universitária, já em plena execução, objetivando, sobretudo, melhorar o padrão técnico-científico do pessoal que pontifica nas Universidades, condicionando assim melhores oportunidades para os que buscam nos Estabelecimentos de Ensino Superiores do país, melhor aprimoramento no domínio das Ciências, das Artes, da Literatura, etc. O que jamais se cogitou no Brasil (sic) ampla Reforma Universitária, foi definitivamente feita no Govêrno do honrado Marechal do Glorioso Exército Nacional, o Presidente Artur da Costa e Silva”.
Ao tomar posição em relação ao Decreto-Lei 477, Cândido Pinto resgatou o ideário da reforma universitária e suscitou a participação dos estudantes na perspectiva tradicional do movimento estudantil. Foi enfático: “As repressões, masmorras, torturas e até as mortes já não nos intimidam. Esta é a nossa posição, e estamos dispostos, através de nossos órgãos de representação (particularmente a UEP, em nosso estado e a UNE, em termos nacionais), a leva-la até as últimas conseqüências”.
Dois meses depois de circular a “Carta aos Professores”, Candido Pinto sofreu um atentado à bala numa das ruas do Recife. E nesse período de tempo considerável ele e quem estava ligado a ele estava sendo espionado, mas não o prenderam. Os militares e seus colaboradores esperaram o momento certo para prendê-lo e na tortura arrancar tudo que queriam saber. Mas Cândido resistiu a tudo isso e foi baleado. O deixaram na rua para que ele servisse como exemplo, como foi o caso do Padre Henrique. Era preciso não apenas matar ou mutilar, mas, sobretudo expor os “inimigos”. É a tática de intimidação mais utilizada por regimes de exceção.
A Comissão deveria ter trazido – de preferência alguém de fora do Estado – com larga experiência no estudo dos sistemas de informação – para dialogar com o ex-Major Ferreira. Há nomes na UFRJ e em outras universidades que poderiam ajudar. Também alguém especializado na relação entre os organismos de repressão, porque aí sim poderia “extrair” informações preciosas.
Também é preciso mudar posturas. È preciso ir para a sessão não com suas verdades acima de tudo, mas com o compromisso de superá-las e sem medo dos grandes contrastes. O excesso de certezas de alguns membros da Comissão impediu que o mínimo possível fosse retirado do depoente. O mais difícil foi conseguido, que foi a presença dele para falar, mas sem resultados maiores.
O ex-Major Ferreira como agente público que estava de alguma forma envolvido em questões que deixaram marcas permanentes até hoje – como é o caso de crimes contra os direitos humanos – precisa repensar seu posicionamento e fornecer informações efetivas do que sabe. Não é só um dever como cidadão, mas como um ser humano que diz ir visitar seus amigos falecidos no cemitério da Várzea com freqüência. Incluindo seu conhecido de Seminário como ele próprio diz, o Padre Henrique. Quem nega sua própria história anula-se como sujeito histórico e como ser humano, tornando-se uma máquina pura e simplesmente.
Se estão sendo alocados recursos públicos para a Comissão, então espera-se que no mínimo os princípio da eficiência e da publicidade sejam levados ao extremo, porque é a última grande oportunidade que a sociedade vai ter de desvendar os crimes cometidos durante a ditadura civil-militar de 1964. Primeiro porque uma situação totalmente favorável para o “resgate histórico” dificilmente haverá outra. Segundo, daqui a pouco não vai ter mais ninguém a contar ou a ajudar resgatar essa história, considerando que os “personagens” estão entrando na faixa de idade onde a morte se aproxima, indubitavelmente.
É preciso mudar o ritmo da Comissão, inclusive exige-se que os seus membros tenham uma dedicação maior aos trabalhos, porque o que observamos é que isso está longe da realidade.


* É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SERVIÇO: Informativo do Programa Pluralidades, Juventudes, Educação e Cidadania (PROPEJEC)







informativo

Programa Pluralidades, Juventudes,
Educação  e Cidadania (PROPEJEC)

Agosto-Setembro de 2012

CONTATOS:

CARTA PARA: Caixa Postal 7828. CEP: 50.670-000. Recife-PE
FONES: 55 (81) 8762-5471 Ou 9941-6854


Editorial

No momento em que fechávamos o número do nosso informativo recebemos a triste notícia do falecimento do Professor Denis Bernardes. Como ele foi o grande incentivador e um intenso colaborador das nossas atividades, também não poderíamos deixar de dedicar boa parte do espaço a ele. Sua obra, seus compromissos, suas lições e a presença humana e generosa merecem ser conhecidas. Alguns de seus amigos e amigas narram um pouco a figura de Denis da mesma forma que se relacionaram com ele: doce, fraterna e esperançosa. No próximo informativo apresentamos as informações que foram suprimidas do presente informativo, pois o destaque que precisa ser dado à figura humana de Denis Bernardes é algo que merece muito mais nesse momento. É a nossa homenagem a ele!

1– Uma homenagem ao Professor Denis Bernardes (Veja abaixo)
 2–  Projupe-UFPE apresenta seus principais resultados  e novo Programa começa a ganhar evidência (Veja abaixo)
3– Nova série do Propejec disponibiliza livros eletrônicos e uma série de fontes de pesquisas via internet (Veja abaixo)  
4–  Pesquisador do Projupe disponibiliza estudo inédito sobre os protestos públicos na cidade de Recife (Veja abaixo)

1 – Uma Homenagem ao Professor Denis Bernardes

Denis Bernardes (Por Fernando Lima)

No fecho de uma das obras-primas de Bergman, O sétimo selo, a morte conduz o séquito das suas vítimas recortadas na linha do horizonte. Seguem-na, os mortos, enfileirados e dançando. Dançam uma dança solene rumando para a escuridão irreversível. A cena é narrada por um obscuro artista ambulante. À luz do amanhecer, descreve a cena para sua mulher que traz o filho pequeno ao colo. A visão do narrador se dilui quando a mulher sensatamente observa: você e suas fantasias... E se vão puxando a carroça através dos campos desertos da vida. Cito de memória, daí a omissão das aspas.
Foi a morte de Denis Bernardes, no último sábado, 1 de setembro, o que me induziu a evocar o filme e a cena acima descrita com as tintas borradas da memória. Quem conhece o filme sabe que é uma luta entre o cavalheiro medieval (Max von Sydow) e a morte. A luta se trava na forma de uma partida de xadrez. O cavalheiro é um jogador exímio, um adversário refinado na arte do jogo, que é o jogo da vida, mas sabemos que está fadado à derrota. Pois quem teria gênio, astúcia e poder para dobrar a Inescapável nesse longo e fatal combate que contra ela travamos?
Setembro chegou privando-me, sem aviso prévio, de mais um dos grandes amigos de minha vida. O primeiro, Daniel Lima, morreu em abril. Com sua imaginação irreverente, Daniel habituou-se nos últimos anos do nosso convívio a aludir à morte como a Magra Caetana. Na visão do saltimbanco do filme de Bergman, ela lidera o séquito dos mortos portando a foice e a ampulheta. Nunca conversei com Denis, a sério ou brincando, sobre essa figura mítica e aterradoramente real. Lembro-me de que falamos com muito humor da velhice. Meu último encontro com ele e Gildo Marçal foi com certeza o mais divertido de tudo que com ambos compartilhei. Entramos a falar da vida e da velhice com a imaginação transfigurada pela magia do vinho tinto (que Gildo há muito estava proibido de beber e por isso nos acompanhava com a sobriedade lúdica dos viciados em Coca-cola) e daí fantasiei nosso internamento numa clínica geriátrica em tom bem mais delirante do que o da personagem de Bergman descrevendo a Magra Caetana e seu séquito dançando rumo à escuridão definitiva.
Além da beleza da cena que encerra o filme de Bergman, achei belo fantasiar meus amigos Daniel e Denis somando-se ao séquito da morte dançando como crianças. Ambos reverteram, fatalidade dos que morrem, à escuridão que ata os dois extremos de nossa passagem por este mundo: a escuridão do útero, de onde brotamos, e a escuridão do desconhecido, obra da foice e da ampulheta empunhadas pela Magra Caetana. Nada me custa imaginar Daniel saltitante, dançando a dança incontornável da morte. Custou-me um pouco figurar Denis despedindo-se da vida e dos que o amam, e aqui ficam, seguindo as pegadas dionisíacas de Daniel, a este dando uma mão, a Gildo a outra, enquanto mergulhavam na escuridão que doravante nos separa.
A memória involuntária, entretanto, astuta como a Magra Caetana no jogo de xadrex da vida, salta do fundo do meu inconsciente e repõe na luz transparente do dia uma cena de certo carnaval de Olinda. De repente, me vi na folia ao lado de Denis, Rita, Marjorie e Natan Sarmento. Logo que Denis e Rita casaram, depois de um namoro que começou no meu apartamento, o casal Marjorie e Natan a ambos somou-se criando uma espécie de confraria de farras de fim de semana. Participei de poucas, duas ou três, mas foi o suficiente para avaliar o quanto se ligaram através dos elos profundos da amizade feita de convívio alegre e festivo. Até onde pude perceber, esse foi o momento mais feliz da vida de Denis. A partir de então, nossa amizade encolheu e foi recuando para encontros esparsos e ocasionais. Outros amigos bem mais importantes entraram na sua vida. De uns dez anos para cá, diria que são eles, não eu, que melhor poderiam pronunciar-se sobre Denis, sobre fatos e experiências que mais profundamente vincaram seus últimos anos de vida.
Mas a imagem do carnaval que brotou do meu inconsciente traduz algo do espírito festeiro de Denis, avesso das suas características mais notáveis, aquelas que moldavam as linhas de um temperamento introspectivo, não raro dissimulado atrás de muitas portas inacessíveis. O Denis que aqui reponta, em plena folia do carnaval de Olinda, é o folião fantasiado como Dom Quixote, galopando um cavalo de fantasia escudado por seu fiel Sancho Pança, Natan Sarmento. Poucas vezes me diverti tanto no carnaval de Olinda seguindo-os rua afora na caça dissimulada, mas sempre sintomática, das mulheres lindas enfeitiçadas por esse circo colossal, esse delírio da imaginação coletiva que é o carnaval. Essas impressões me marcaram de forma tão profunda que na mesma tarde, recolhendo-me momentaneamente da folia, comecei a compor um longo poema intitulado Carnaval de Olinda. Por isso tomo a liberdade de abaixo transcrever os versos inspirados nas fabulosas aventuras que a fantasia carnavalesca os impeliu a desatar pelas ruas coloridas de Olinda:

De repente, um homem magro e recluso
se transfigura em Quixote
erra pelas ruas perseguindo mulheres
belas e atormentadas pela falta de amor ou pura carne.
Outro homem, um que fazia concursos e que já foi comunista
agora se chama Sancho e é louco qual o seu amo.
Mulheres vão libertando
que vivam o que desviveram.
A virtude atirem contra o diabo
que o corpo será dos homens,
 amém.

São essas as memórias e imagens que quero reter nesta crônica dedicada a Denis Bernardes. Já que não era Bernardo, mas Bernardes, ficam aqui implícitos os muitos que foi. Outros com certeza melhor diriam sobre a obra de historiador que produziu, tão pouco conhecida. Mas o fato de Evaldo Cabral de Mello, um dos maiores historiadores brasileiros, distingui-lo com referências elogiosas a seu O Patriotismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, sugere um pouco do que esta obra representa para o estudo do processo histórico complexo, e ainda pouco estudado, da nossa independência. Outros ainda, a maioria, poderiam opinar sobre sua vida de professor e pesquisador. Outros sabem melhor da coerência discreta com que militou em nome de causas e movimentos políticos temperados por sua presença sempre admirável no seu timbre de tolerância e civilidade, no senso de virtude agregadora que assinalava sua participação em muitos grupos intelectuais e políticos.
Alguns amigos comuns ocasionalmente me falavam nos últimos tempos de um Denis transformado por experiências dolorosas associadas à doença e circunstâncias privadas alheias ao nosso convívio direto, que se estendeu, com as interrupções inevitáveis, de 1974 à época em que casou com Rita de Cássia, sua segunda mulher. Depois disso nossos encontros foram sempre, como acima salientei, esparsos e ocasionais. Costumo dizer que a amizade é o privilégio da intimidade. Tive a ventura de compartilhar isso com Denis e alguns poucos, pois amizades autênticas não se fazem nem perduram em redes sociais ou no circuito volátil das festas e reuniões sociais. E a intimidade é por natureza inconciliável com a exposição. Denis foi dos raros dotados de um senso não somente ético e político, mas também temperamental, nitidamente discriminativo da fronteira entre vida pública e vida privada, entre o privilégio da intimidade, expressão maior da amizade, e a vida pública.
A propósito, conviria religá-lo neste ponto a Daniel Lima. Ato assim, por mero arbítrio associativo, as duas pontas da crônica, já que comecei juntando-os num mesmo parágrafo e agora volto a reuni-los para concluir a crônica. Foram ambos homens afortunados, pois tinham o dom de se fazer amar. Embora tão distintos em termos de personalidade e temperamento, desfrutaram sempre do privilégio de serem bem amados, de preservarem amizades fiéis ao longo da vida. Até onde sei, essas amizades essenciais se prolongaram até à linha fatal onde foram colhidos pela Magra Caetana portando sua foice e sua ampulheta. Um dia, nós que aqui ficamos e lhes preservamos a vida que sobrevive na memória e nos ritos simbólicos que atualizam no tempo os que partiram, um dia seremos também colhidos pela Inescapável. Tudo que desejo (que mais desejar em face da necessidade?) é que ambos, Daniel e Denis, tenham partido dançando de mãos dadas com Gildo Marçal, Paulo Medeiros e tantos outros que já percorreram a linha irreversível da vida. Tudo que desejo é também saber dançar a dança da morte, que se aprende na vida, no momento em que a foice e a ampulheta sobre mim descerem.
Recife, 3 de setembro de 2012.

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Luciano lamenta morte do professor Denis Bernardes

Na tribuna, Luciano homenageou o amigo Denis Bernardes.

O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) ocupou a tribuna da Assembléia Legislativa na tarde desta segunda-feira (03) para registrar seu pesar pelo falecimento do professor, pesquisador e historiador Denis Bernardes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O professor faleceu no último sábado (1º).
Segundo Luciano, Denis Bernardes foi durante sua vida acadêmica, “alagoano que era”, um partícipe ativo da luta democrática e também da construção de um pensamento avançado sobre a Região e sobre o país, no âmbito da UFPE.

“Denis fez mestrado na França e doutorado em História Social na Universidade de São Paulo (USP). Exercia muitas funções, dedicando-se de longa data à pesquisa para revelar a identidade do nosso povo, através de sua história, focado na Região Nordeste, e pode ao longo de décadas formar novas gerações de professores, de pesquisadores, de técnicos, novas gerações para a vida e para a vida acadêmica. O professor Denis Bernardes era também um grande conhecedor do carnaval pernambucano, da nossa cultura, um folião”.

Luciano disse ainda que, no último sábado, durante o velório no salão do Conselho Universitário da UFPE ouviu depoimentos de inúmeras personalidades, alunos, ex-alunos e funcionários da universidade a respeito da trajetória exemplar do professor falecido. “É, portanto, uma perda muito grande para o pensamento acadêmico, para a interpretação da nossa vida, da nossa gente, da nossa realidade, o falecimento do professor Denis Bernardes. E eu perdi um grande amigo”, lamentou.
Luciano encaminhou ainda requerimento à Mesa Diretora da Assembléia Legislativa no sentido de que a Casa manifeste voto de pesar oficial pelo falecimento do professor.

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Denis Bernardes em minha vida (Por Biu Vicente)

Vamos nos fazendo aos poucos, no tempo entre o nascimento e a morte. Não somos nunca de maneira definitiva e, somos a cada momento de nossa formação receptáculos da ação  de muitos com que convivemos no tempo que nos e dado. Desses contatos, às vezes profundos, na maioria das vezes pouco mais que alguns momentos com certas pessoas são capazes de nos influenciar sobremaneira. Sempre penso nisso quando de alguma maneira tocam em meus ouvidos as palavras Denis Bernardes.
Morava em Nova Descoberta, onde cresci desde os quatro anos de idade, quando conheci Denis. Foi algum tempo depois da grande cheia de 1965 e, Dom Hélder Câmara havia iniciado a bela Operação Esperança com a  motivação de organizar as populações que sofreram as grandes chuvas e a cheia do Rio Capibaribe. Em Nova Descoberta, jovem de quinze anos, misturava-me aos mais velhos na tarefa de organizar os dados das famílias sem casa e distribuir o material de construção para o reerguimento das casas nos morros e nos córregos. Desse trabalho surgiu o primeiro Conselho de Moradores, ali em Nova Descoberta. E foi um aprendizado, uma faculdade, pois começamos a receber jovens universitários que nos auxiliavam e nos ensinavam enquanto viviam conosco a beleza do aprender enquanto se faz e respeitando o conhecimento que já se possuía. Estudantes de medicina, de psicologia, sociologia, direito frequentavam o bairro e nossa casa. Eram muitas conversas, por exemplo, como a atual presidente do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, a psicóloga TCampelo, hoje aposentada após anos de docência na UFPB. Mas além desses que participaram da invenção da liberdade com os jovens e adultos de Nova Descoberta nos anos sessenta através da presença institucional da Operação Esperança, havia outros.
Morando em casa no próxima à Subida da Colina dos Andes, dois jovens estudantes tornaram-se foco de atenção dos jovens ligados à Operação Esperança e aos grupos da Igreja Católica. Um deles eram Rubem e Denis Bernardes. Apenas moravam lá e mantinham a porta da casa sempre aberta para quem quisesse entrar, ouvir música, conversar. Fui levado àquela casa por Carlos Brito, hoje, creio, já aposentado como Juiz. Conversamos pouco e voltei duas ou três vezes. Foi assim que recebi o livro História do Brasil de Armando Souto Maior para preparar uma aula. Meses depois do AI 5. Nunca devolvi o livro que ainda está na minha estante. As decisões que tomamos e as decisões dos outros nos afastam dessas pessoas que nos ensinam. Mas, aprendemos, que ensinar é ser capaz de afastar-se para que o outro caminhe na direção da sua vida e não na direção do ensinante. Anos depois encontro Denis Bernardes professor de História na UFPE, mas não em História. Coisas da Academia e dos acadêmicos. Denis Bernardes com a singeleza dos gestos, comedimento nas palavras criou novas maneiras de interpretar o Recife. Seus artigos continuaram as conversas que tínhamos, eu menino de 18 anos e séculos de planos para o mundo, ele, o professor informal a indicar o caminho mais profundo para entender o Recife que nós dois amamos. Fui honrado em participar de algumas bancas acadêmicas ao seu lado. Tatiana Portela deu-me a oportunidade de, ao lado de Denis e na companhia de Manuel Correia de Andrade, discutirmos sobre Joaquim Nabuco, em um belo e premiado documentário.
Meu professor e amigo Denis Bernardes deixou conosco uma obra inspiradora a ser continuada. Todos os que convivemos com ele sabemos que nos fará falta. Mas todos sabemos que ele continuará conosco, pois somos imortais nos amigos que deixamos.


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Dênis Bernardes: a dor pela perda de um mestre  (Por Marco Mondaini)

Da minha geração nordestina dos anos 1960, Dênis Bernardes era seguramente o mais talentoso (Gildo Marçal Brandão).

Escritas no ano de 2006 pelo cientista político e professor da Universidade de São Paulo, Gildo Marçal Brandão, as palavras da epígrafe acima explicitam o reconhecimento da grandeza intelectual do grande mestre que acaba de nos deixar, quando da publicação daquele que seguramente é o seu livro mais brilhante: O patriotismo constitucional: Pernambuco, 1820-1822.
Alagoano como Dênis, a morte do amigo Gildo, em 15 de outubro de 2010, aos 61 anos, causou-lhe uma profunda dor, uma dor proporcional àquela que todos nós — alunos, professores e técnicos — da Universidade Federal de Pernambuco, que tivemos a oportunidade de conhecê-lo mais de perto, sentimos em ocasião do seu falecimento neste 1º de setembro, aos 64 anos.
Historiador de uma erudição ímpar, Dênis foi um intelectual que, como poucos, soube fundir inteligência e generosidade. Todos os relatos feitos durante a sua despedida, no auditório João Alfredo, na Reitoria da UFPE, nesta triste manhã de domingo, procuravam reconhecer tal fusão. Porém, de todos os emocionados testemunhos, é impossível não destacar aquele feito pela filha da trabalhadora doméstica que, incentivada por Dênis, em meio à sua biblioteca olindense, chegou, anos depois, à universidade, tornando-se graduada e pós-graduada.
De fato, tal depoimento revela por inteiro o compromisso ético-político deste historiador que, alinhado ao que de melhor existe no campo do pensamento crítico, optava por dar destaque em suas ricas análises às rupturas e transformações sociopolíticas ao invés de enfatizar a força modorrenta das permanências e continuidades de longa duração, o que o levava a sempre desconfiar das investigações que enfatizavam, em suas conclusões, a potência da inércia histórica, as amarras temporais responsáveis pela reprodução social. Por isso, para Dênis, as lutas políticas travadas por Frei Caneca e Gervásio Pires, no contexto da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador de 1824, não poderiam deixar de ser realçadas com vigor pelo discurso historiográfico.
Daí, por outro lado, a sua preocupação crescente com a história dos direitos, em particular com o desenvolvimento histórico da “proteção social nas constituições brasileiras” — título da disciplina por ele criada e ministrada no Departamento de Serviço Social, há alguns anos.
Finalizo a presente nota, neste momento em que a perda do mestre ainda causa uma forte dor, deixando que ele mesmo expresse aquela que foi a sua grande utopia, num dos seus últimos escritos. Então, num prefácio dedicado à memória do amigo Gildo, com o significativo título “O projeto de uma humanidade livre da miséria”, escrito para um livro meu publicado no final de 2011, o historiador que fez da inteligência generosidade afirmava que:

O projeto de uma humanidade livre da miséria, da fome, da exploração, das injustiças, da ignorância esteve presente ao longo da história e, felizmente, ainda não desapareceu do seu horizonte [...]. Pois esta é uma luta na qual o passado é uma referência fundamental, contudo, jamais encerrada e ainda presente.

Pois bem, uma das maneiras de manter viva a memória desse homem que tanto se engajou no resgate e preservação da memória histórica em nosso país talvez seja dar continuidade à luta por esse projeto. Com isso, por muito tempo ainda, poderemos exclamar: Dênis, presente!


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Nota do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano
Universidade Federal de Pernambuco em memória de Denis Bernardes

Recife, 03 de setembro de 2012.

O Programa  de Pós-Graduação  em Desenvolvimento Urbano –
MDU/UFPE  expressa  sua  admiração  e  respeito  pelo  trabalho  do  grande mestre Denis Bernardes. Sua participação sempre constante nas orientações e  bancas  examinadoras marcou  com  enorme  competência  a  formação  de mestrandos e doutorandos, engrandecendo assim as pesquisas em curso no programa. Exímio pesquisador relatava os fatos com a força de um espírito inquieto  e  apaixonado  pela  busca  do  conhecimento  revelando  extrema sensibilidade que transbordava de sua alma de entusiasta da causa histórica e urbanística. A emoção presente em suas palavras ficou e ficará por muito tempo nas  salas de aula como exemplo de dedicação, estímulo e bravura.   Fica desse sentimento a frase de Mário Quintana: “O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”.
A Coordenação.
Maria Ângela de Almeida Souza
Coordenadora do PPGMDU

Ana Rita Sá Carneiro
Vice-Coordenadora do PPGMDU

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Algumas palavras a Denis Bernardes, por nossa grande amizade, iniciada desde 1969 (Por Emilia Maria Mendonça de Morais)


Recife, 02 de setembro de 2012

Todos nós sabemos por que estamos aqui hoje; todos nós recebemos e desfrutamos a dádiva da presença, da atenção e da amizade de Denis. Ele foi sobretudo um amante da justiça e, muito particularmente, da beleza, cuja fome podemos saciar sem contra-indicações ou efeitos colaterais. Guardemos sobretudo isso dele porque vivemos em um tempo que nem mais reconhece esses valores como vitais. Corremos o risco de nos contentarmos com muito menos; menos que a justiça, muito menos que a beleza.
Denis foi também um amante da alegria! Por tudo isso, relembro algumas das palavras que encerraram o discurso de Guimarães Rosa quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras: "A gente morre é para provar que viveu". E como Dênis viveu!
Disse ainda Guimarães Rosa:

"Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração alegria!" (...) As pessoas não morrem, ficam encantadas". Logo em seguida, concluiu: O mundo é mágico. Vamos dar, aqui e agora, movidos pela saudade e pela esperança, um crédito de confiança ao poeta: se nós ainda estamos vivendo neste mundo, é só porque nós mesmos ainda não nos tornamos encantados; mas, se este mundo é mesmo mágico, então, nós todos estamos vivendo sob muitos sortilégios e encantamentos.

Por isso eu pediria: apesar de toda a nossa tristeza por sua ausência, que nós nos nutríssemos, a partir deste instante, do doce encantamento que foi desfrutar da amizade de Denis.


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Uma homenagem ao Professor Denis Bernardes
(Por Otávio Luiz Machado)



    Ao receber a notícia do falecimento do Professor Denis Bernardes, que era ligado ao Departamento de Serviço Social da UFPE, também fiquei bastante entristecido, porque via nele uma das pessoas mais sensíveis e comprometidas com o desenvolvimento educacional e científico do Brasil, sem contar a figura humana que cativava a todos que o conheciam.
    Quando começamos a pensar nele após esse triste episódio, o que nos alenta é que ele deixou vasta obra, sem contar o seu exemplo e as lições que deixa como acadêmico e pessoa, pois conseguiu contribuir com a formação de inúmeras pessoas ao longo de vários décadas e ensinar tarefas intelectuais fundamentais.
    A simplicidade de Denis Bernardes não contrastava com o seu status acadêmico invejável. Era um dos que  soube fundir vida pessoal, vida acadêmica e projetos futuros. Não erra arrogante e nem ficava por aí tentando mostrar a si mesmo de forma vangloriosa, porque deixou marcas que não se apagarão, além de ser uma figura que se superava a cada novo desafio.
    Em 2010 recebemos o convite dele para escrever um artigo coletivo sobre juventudes para a Revista Estudos Universitários da UFPE, na qual ele era o editor. No mesmo ano tivemos a participação dele num seminário nacional que organizamos na UFPE sobre os jovens. Em seguida participamos juntos da Conferência sobre Tecnologia, Cultura e Memória (CTCM) no Instituto Brennand. Num dos dias da atividade saímos de lá juntos e fomos conversando até a UFPE, inclusive trocando experiências das atividades que tínhamos interesses em comum.
    Também me encontrei com eles várias vezes quando fazia alguns registros do cotidiano da universidade, no qual ele incentivava falando de sua importância e apontando o ineditismo da nossa iniciativa. O último contato que tive com ele aconteceu dias atrás, quando Denis enviou uma mensagem pelo correio eletrônico me parabenizando pelo artigo GREVE: A GERAÇÃO ANOS 1970 NO COMANDO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Foi a última vez que trocamos uma mensagem e alimentamos um convívio intelectual intenso.
    Há dois anos atrás o nosso grupo fez um vídeo com ele, inclusive para registrar e buscar difundir o trabalho dele a partir da UFPE. Ele falou sobre sua formação e o que vinha desenvolvendo na ocasião.

http://www.youtube.com/watch?v=lZwyJcWy9p0

    O que se busca nesse momento é a tranquilização das pessoas para que superem essa irreparável perda, ao mesmo tempo em que a UFPE e tantas outras instituições façam as devidas e merecidas homenagens ao grande Denis Bernardes. O próximo trabalho que vou publicar será dedicado a ele. Nesse momento além do que já disse, também cabe dizer uma última coisa. Boa viagem, Denis!

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Morre o professor Denis Bernardes (Por Arthur Pedro,   Ascom/Fundaj)

Faleceu, no último sábado (1), aos 64 anos, o professor Denis Antônio de Mendonça Bernardes, do Departamento de Serviço Social da UFPE. O velório ocorreu no auditório João Alfredo, na Reitoria da UFPE, na manhã e tarde do domingo (2), e o enterro, no mesmo dia, às 17 horas, em Maceió (AL), cidade natal do docente.
Denis Bernardes dedicou toda a sua vida acadêmica à UFPE, onde iniciou a sua formação de historiador e era professor desde 1975. Lecionou e pesquisou no Departamento de Economia e, posteriormente, no Departamento de Serviço Social. Fez o mestrado na França e o doutorado em História Social na Universidade de São Paulo. Em suas mais recentes pesquisas, vinha se dedicando à relação entre memória, informação e sociedade.  O professor era o atual editor da Revista Estudos Universitários da UFPE.
Denis pesquisava a fundo, nos arquivos e bibliotecas, a história política do Brasil no século XIX, principalmente a relacionada ao período próximo à Independência (Revoluções pernambucanas de 1817 e 1824), detendo-se na constitucionalidade, na imprensa da época e num personagem em particular: Frei Caneca. Desses estudos, surgiram os seus livros “Um Império entre Repúblicas”, lançado pela Editora Global, em 1983, e “O Patriotismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822”, editado em 2006 pela Editora Universitária da UFPE. Porém, apesar de ser um intelectual preocupado com temas como o Liberalismo e a cidade do Recife, o professor também enveredava por temas culturais, tendo um destes trabalhos dele resultado no livro “O Caranguejo e o Viaduto”, publicado pela Editora Universitária, em 1996.
Na Fundação Joaquim Nabuco, Denis teve uma atuação destacada, participando de diversos seminários promovidos pelas Diretorias de Pesquisa Social e de Documentação, seja como conferencista e/ou palestrante. Foi amigo e discípulo do antigo diretor do Centro de Estudos e Pesquisa da História Brasileira (Cehibra), e também historiador, Manuel Correia de Andrade, falecido em 2007, com quem colaborou em algumas pesquisas.


2 – Projupe-UFPE apresenta seus principais resultados  e novo Programa começa a ganhar evidência

 Um conjunto de resultados dos projetos produzidos ou publicados a partir do Programa Juventudes, Democracia, Direitos Humanos e Cidadania da Universidade Federal de Pernambuco (Projupe/UFPE) já estão disponibilizados em livros, artigos e em anais de congressos científicos.
Visando facilitar o acesso aos possíveis interessados, o Projupe construiu um espaço onde as pessoas possam acessá-los gratuitamente.
Com destaque para o livro “Movimentos Estudantis, Formação Profissional e a Construção de um Projeto de País”, que é fruto de uma dissertação de mestrado e foi publicadao pelo Projupe no início de 2012:


Um importante livro é sobre os movimentos estudantis na cidade de Ouro Preto-MG entre 1964 e início dos anos 1970. Intitula-se “Um Pequeno Guia sobre o Movimento Estudantil e o Golpe de 64 em Ouro Preto”.



Dentre as produções mais novas podem acessar um livro de memória histórica intitulado “Aspectos da História dos jovens em Recife pós anos 1960”, que está aqui:

Outro livro em processo de conclusão já pode ser acessado, também. Com o título “Contributos para o pensamento das juventudes brasileiras”. Consulte-o aqui:
Com o Programa Pluralidades, Juventudes, Educação e Cidadania (PROPEJEC) em processo, ainda no segundo semestre de 2012, também serão publicados os livros “Juventudes, Democracia, Direitos Humanos e Cidadania” (uma coletânea de textos científicos) e “Juventudes na Cidade de Recife e sua Pluralidade”, de autoria de Otávio Luiz Machado. 
Com o novo Programa começamos a fazer uma nova avaliação sobre os contributos e a motivação para se fazer tanto num curto espaço de tempo. “Como já idealizei e executei tantos outros programas exitosos como o PROJREP, o PROENGE e o PROJUPE, que focaram mais na questão das juventudes em décadas passadas, também vou batalhar para que o PROPEJEC tenha tantos resultados como os anteriores. Seu único diferencial em relação aos demais é que o foco será nas juventudes de hoje. Esse já é um sonho antigo e tentaremos desvendar as juventudes de hoje”, declarou o pesquisador Otávio Luiz Machado. Sobre o que o Projupe vai deixar de contribuição, Machado foi mais enfático: “Não só produzimos conhecimento de qualidade, mas formamos diversas pessoas a partir dessas atividades. Não inovamos apenas na reconstrução histórica, mas na observação e no registro de um cotidiano de uma universidade e de uma cidade. O trabalho sobre os protestos públicos em Recife está aí e ele foi muito intenso. Também foi muito importante estarmos em tantos lugares captando imagens e as disponibilizando quase a tempo real num sub-projeto fascinante. Até já copiaram ele por aí, o que significa que inovamos e deixamos exemplos a ser seguidos. Não só conquistamos novos espaços. Abrimos muitas perspectivas e idéias”.

3 – Nova série do Propejec disponibiliza livros eletrônicos e uma série de fontes de pesquisas via internet
Com um conjunto de projetos produzidos, também temos uma série de trabalhos publicados, sem contar as fontes primárias fundamentais para novos estudos e pesquisas para tantos estudantes e estudiosos no campo das juventudes ou dos movimentos juvenis. Aqui será o principal espaço para a divulgação dos nossos, que inclusive estão disponíveis para download:
Um novo blog foi criado, que também será alimentado com muitos textos, vídeos, documentos e opiniões. Aqui:
Os blogs anteriores poderão ser acessados, cujo conteúdo continua disponível mesmo com a capacidade de espaço toda tomada, como é o caso de:


4 – Pesquisador do Projupe disponibiliza estudo inédito sobre os protestos públicos na cidade de Recife

2012 foi um ano marcado por inúmeros protestos públicos na cidade de Recife, nas demais partes do Brasil e do mundo. No cenário urbano da cidade pudemos acompanhar e analisar vários momentos dos protestos públicos e apresentar um pouco do significado atual deles para a produção de cidadania e a formação cidadã.
O livro Múltiplas Juventudes: protestos públicos e as novas estratégias de mobilização juvenil em Recife (de Otávio Luiz Machado) é uma excelente contribuição nesse sentido. Pode ser acessado aqui: