O Ilusionismo nas campanhas
eleitorais de Recife: entre o pai ingrato e o falso-pai
Otávio Luiz Machado*
A
semana começou quente no guia eleitoral do Recife, onde mais uma vez PT e PSB
promoveram um enfrentamento forte na disputa pelo voto do eleitor. Nessa semana
o PT ganhou na propaganda, porque mostrou com todas as letras que o candidato
Geraldo Júlio não é esse líder e esse gestor competente que a longa e
insistente propaganda do PSB espalha pela cidade.
O
PSB fisgou a isca repleta de armadilhas na qual é impossível de se
desvencilhar, porque dois dias depois montou um vídeo para dizer que o que o PT
circulava não era verdadeiro. Nada menos que três nomes que foram ou ainda são
do governo Eduardo Campos foram escalados para brilhar no programa para
“desmentir” a propaganda adversária, o que não funcionou.
O
ex-assessor especial do governador Eduardo Campos e agora um dos coordenadores
da campanha de Geraldo Júlio tentando esconder um sorriso cínico disse com
todas as letras que foi Geraldo Júlio que coordenou o Pacto pela Vida.
O
atual vice-governador e ex-secretário de Saúde se resumiu a dizer que foi o
secretário de outra pasta quem coordenou a construção de três hospitais em
Pernambuco, mas deu seu depoimento de forma desconcertada.
No
caso do atual Ministro de Integração Nacional seu “depoimento” não passou de um
panfleto eletrônico, também não passando informações relevantes que ligavam
definitivamente o nome de Geraldo Júlio na vinda da Fiat para o Estado.
A
fala de Geraldo Júlio lembra muito o personagem Pantaleão de Chico Anísio, que
inventava a vontade, mas tinha sempre a sua fiel Terta para confirmar suas
fantasiosas histórias.
Se
os pais não assumem seus filhos como legítimos temos o caso do pai ingrato, que
é aquele que fez o filho e de alguma forma não o assume como filho, tenta de
todas as formas não pagar pensão a ele e nada de carinho ou atenção com alguém
que é sangue do seu sangue.
O falso-pai também
é uma figura repugnante, porque nesse caso ele assume o filho que não fez, dá
assistência a ele e tenta lhe passar algum carinho ou atenção mesmo que ele não
seja sangue do seu sangue porque o seu não filho gera algum tipo de benefício
com ele. Nada de amor, mas puro interesse!
No caso dos
depoentes da campanha de Geraldo Júlio – todos ligados diretamente ao
governador Eduardo Campos – temos aí casos do pai ingrato. Fez mas não assume,
mesmo que o filho seja inteligente, bonito e tenha um futuro próspero.
No caso do
candidato Geraldo Júlio ele tem se comportado como o típico falso-pai. Não fez,
mas alimenta uma falsa paternidade e uma
pseudo-atenção, porque o “filho” lhe traz muitos benefícios. Nada de afeto, mas
o filho é a porta de entrada para inúmeros benefícios, que é usado e abusado de
todas as formas.
Ao insistir naquilo
que Geraldo Júlio não é e nem representa, a campanha do PSB a cada dia é mais
motivo de piada do que de adesão de amplos setores da sociedade. A fan-page
“foigeraldoquefez” pode entrar como uma peça importante na desconstrução do
nome de Geraldo Júlio, mas mal começou a semana foi o próprio candidato que deu
um tiro no pé ao dizer na TV que monitorou o então Secretário das Cidades
Humberto Costa. Foi um assunto que rendeu em desfavor de Geraldo Júlio, porque
o gestor sério passou a ser considerado mais um animador de auditório do que um
candidato que o povo deve acreditar. É pagar para ver se isso vai colar de
fato!.
Quem entrou na
“fita” e na fila” da desconstrução de sua candidatura foi Daniel Coelho, que
teve um caso de notas frias de quando ele era vereador reaberto, o que é
obviamente uma manobra eleitoreira para prejudicá-lo, nesse caso com interesses
comuns do PSB e do PT para que isso evolua. Também é pagar para ver como isso
vai afetar a campanha, mas cabe ao eleitor ficar atento na hora de não ter seu
voto apagado por “cortinas de fumaça”.
É óbvio que as
chances de Daniel Coelho, Humberto Costa e Geraldo Júlio de ganhar a eleição são
grandes. Num segundo turno Daniel causa um bom estrago. Mas caso seja apeado
com esse escândalo requentado, pode ser a chance de Humberto Costa chegar ao
segundo turno empatado com Geraldo Júlio, bem como pode ser a chance de Geraldo
Júlio levar no primeiro turno. Também pode ser a chance de Daniel Coelho se
fortalecer caso aproveite isso a seu favor, inclusive chegando no segundo turno
em pé de igualdade com o que for com ele.
Seja qual for
o seu candidato, é bom se cercar de elementos e não deixar de ser levado por
essas “desconstruções” de candidaturas que são naturais numa eleição.
*É educador, pesquisador,
escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br
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