quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Ilusionismo nas campanhas eleitorais de Recife: entre o pai ingrato e o falso-pai (Por Otávio Luiz Machado)




O Ilusionismo nas campanhas eleitorais de Recife: entre o pai ingrato e o falso-pai
Otávio Luiz Machado*


            A semana começou quente no guia eleitoral do Recife, onde mais uma vez PT e PSB promoveram um enfrentamento forte na disputa pelo voto do eleitor. Nessa semana o PT ganhou na propaganda, porque mostrou com todas as letras que o candidato Geraldo Júlio não é esse líder e esse gestor competente que a longa e insistente propaganda do PSB espalha pela cidade. 

           
O PSB fisgou a isca repleta de armadilhas na qual é impossível de se desvencilhar, porque dois dias depois montou um vídeo para dizer que o que o PT circulava não era verdadeiro. Nada menos que três nomes que foram ou ainda são do governo Eduardo Campos foram escalados para brilhar no programa para “desmentir” a propaganda adversária, o que não funcionou.        




   O ex-assessor especial do governador Eduardo Campos e agora um dos coordenadores da campanha de Geraldo Júlio tentando esconder um sorriso cínico disse com todas as letras que foi Geraldo Júlio que coordenou o Pacto pela Vida.
            O atual vice-governador e ex-secretário de Saúde se resumiu a dizer que foi o secretário de outra pasta quem coordenou a construção de três hospitais em Pernambuco, mas deu seu depoimento de forma desconcertada.
            No caso do atual Ministro de Integração Nacional seu “depoimento” não passou de um panfleto eletrônico, também não passando informações relevantes que ligavam definitivamente o nome de Geraldo Júlio na vinda da Fiat para o Estado.
            A fala de Geraldo Júlio lembra muito o personagem Pantaleão de Chico Anísio, que inventava a vontade, mas tinha sempre a sua fiel Terta para confirmar suas fantasiosas histórias.



            Se os pais não assumem seus filhos como legítimos temos o caso do pai ingrato, que é aquele que fez o filho e de alguma forma não o assume como filho, tenta de todas as formas não pagar pensão a ele e nada de carinho ou atenção com alguém que é sangue do seu sangue.
O falso-pai também é uma figura repugnante, porque nesse caso ele assume o filho que não fez, dá assistência a ele e tenta lhe passar algum carinho ou atenção mesmo que ele não seja sangue do seu sangue porque o seu não filho gera algum tipo de benefício com ele. Nada de amor, mas puro interesse!
No caso dos depoentes da campanha de Geraldo Júlio – todos ligados diretamente ao governador Eduardo Campos – temos aí casos do pai ingrato. Fez mas não assume, mesmo que o filho seja inteligente, bonito e tenha um futuro próspero.
No caso do candidato Geraldo Júlio ele tem se comportado como o típico falso-pai. Não fez, mas alimenta uma  falsa paternidade e uma pseudo-atenção, porque o “filho” lhe traz muitos benefícios. Nada de afeto, mas o filho é a porta de entrada para inúmeros benefícios, que é usado e abusado de todas as formas.
Ao insistir naquilo que Geraldo Júlio não é e nem representa, a campanha do PSB a cada dia é mais motivo de piada do que de adesão de amplos setores da sociedade. A fan-page “foigeraldoquefez” pode entrar como uma peça importante na desconstrução do nome de Geraldo Júlio, mas mal começou a semana foi o próprio candidato que deu um tiro no pé ao dizer na TV que monitorou o então Secretário das Cidades Humberto Costa. Foi um assunto que rendeu em desfavor de Geraldo Júlio, porque o gestor sério passou a ser considerado mais um animador de auditório do que um candidato que o povo deve acreditar. É pagar para ver se isso vai colar de fato!.
Quem entrou na “fita” e na fila” da desconstrução de sua candidatura foi Daniel Coelho, que teve um caso de notas frias de quando ele era vereador reaberto, o que é obviamente uma manobra eleitoreira para prejudicá-lo, nesse caso com interesses comuns do PSB e do PT para que isso evolua. Também é pagar para ver como isso vai afetar a campanha, mas cabe ao eleitor ficar atento na hora de não ter seu voto apagado por “cortinas de fumaça”.
É óbvio que as chances de Daniel Coelho, Humberto Costa e Geraldo Júlio de ganhar a eleição são grandes. Num segundo turno Daniel causa um bom estrago. Mas caso seja apeado com esse escândalo requentado, pode ser a chance de Humberto Costa chegar ao segundo turno empatado com Geraldo Júlio, bem como pode ser a chance de Geraldo Júlio levar no primeiro turno. Também pode ser a chance de Daniel Coelho se fortalecer caso aproveite isso a seu favor, inclusive chegando no segundo turno em pé de igualdade com o que for com ele.
Seja qual for o seu candidato, é bom se cercar de elementos e não deixar de ser levado por essas “desconstruções” de candidaturas que são naturais numa eleição.




*É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br


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