A reta final do primeiro turno das eleições 2012 e as
primeiras boas lições que o pleito nos deixa
Otávio Luiz Machado*
Já estamos nos
aproximando da última semana de campanha eleitoral, tendo ainda uma margem
muito favorável à troca de posições dos preferidos entre os nomes que postulam
a Prefeitura de Recife nessa reta final pelo eleitorado.
Por mais que
nos esforcemos para antecipar tendências ou indicar os possíveis vencedores, a
eleição de 2012 nos passa a lição de que o eleitor está mais preparado e
interessado em tornar o seu voto uma arma de mudança. Só do eleitor estar
apostando em vários caminhos indica que os currais eleitorais estão perdendo
força. A dificuldade de decifrar a priori as escolhas do eleitor – como o
contraste entre as pesquisas apontam – nos indica claramente que o eleitor
pensa, repensa, estuda e modifica o seu voto com mais freqüência até o momento
final da “escolha”, o que é um enorme avanço. O que significa que só o
resultado final das urnas poderá nos
fornecer todas as respostas que pensamos que temos e não temos.
Até agora
diversos mitos foram desfeitos, como a “lavada” do primeiro turno pelo PT ou o
PSB. Nada disso se concretizou em nenhum dos dois lados. Outros como a morte da
oposição – que se mostra mais viva como nunca com Daniel Coelho -, o poderio
total de Eduardo ou de Lula na condução de seus “apadrinhados” ou a flexibilidade
dos tribunais para a inscrição de candidatos fichas-sujas são fatos que indicam
o amadurecimento da nossa democracia.
As pesquisas
de intenção de voto não batem muito entre si, embora apontam um provável
segundo turno e a incerteza quanto a quem disputará com Geraldo Júlio. Um quadro que pode ser modificado até os
últimos momentos da eleição, porque embora a transmissão da campanha pela TV
vai ser encerrado dias antes do pleito de 07 de outubro, ainda se tem a
“internet” que pode criar tendências horas antes do início da votação e mudar
os rumos, porque as margens numéricas estão muito próximas. Ainda temos os
eleitores que ainda não se decidiram de fato que, embora sejam bem reduzidos
nessa altura do campeonato, também ajudarão a embolar o embolado jogo em alguns
dos seus aspectos.
Será em 2012
que pela primeira vez poderemos avaliar isso, porque de 2010 para cá cresceu
significativamente o número de cidadãos conectados e ampliou enormementente a
utilização do facebook, do twitter, do acesso a blogs e do aparelho celular
como ferramentas de acesso e difusão de informações.
O crescimento
da candidatura de Geraldo estacionou, a de Daniel Coelho cresce num ritmo
galopante e a de Humberto, quando não saiu do mesmo lugar, tendeu mais a
diminuir do que crescer.
A candidatura de
Humberto é a que se encontra num grande dilema: se trabalha para tirar votos de
Geraldo, fortalece Daniel; se trabalha para tirar votos de Daniel fortalece Geraldo.
Então, se mexe errado em algo dá gás a Geraldo ganhar no primeiro turno ou de
Daniel estar lá na posição de segundo lugar que
o PT passou a ocupar.
A mudança de
votos das camadas mais abastadas ou mesmo das camadas médias nessa altura do
campeonato pode ser mais difícil, porque se não escolheram o PT certamente nesse
momento não o farão. As camadas desprivilegiadas vai ser a grande “mina”, o que
não é por acaso que todos os candidatos se concentram mais nelas nesse momento.
O PT nas
condições atuais, que viu seus votos serem divididos pela metade no teste de
força contra o Prefeito João da Costa e a candidatura que surgiu (ou sendo
subtraídos a cada nova crise nas mais diversas dimensões), também vai passar
por um novo teste agora na fase do julgamento pelo STF do chamado núcleo
político envolvido no “Mensalão”. A figura de Lula começou a ser largamente
atacada nos últimos dias, o que tende a ser maior nos próximos dias.
O PSB errou
muito ao dar a Geraldo o crédito a tudo que foi feito no governo Eduardo
Campos, cuja propaganda repetitiva começou a se voltar contra si com a
propaganda maciça do PT questionando a possível “autoria” de Geraldo nisso
tudo, que começou a ganhar contornos claros com a campanha nas mídias sociais
ironizando através da página “Foi Geraldo que fez” e nos próprios atitudes de
Geraldo, que se passou de bonzinho ao retirar todos os cavaletes mesmo por dois
meses poluindo a cidade, que num debate que teve repercussão quando disse que monitorou Humberto enquanto
Secretário das Cidades, tudo isso bem divulgado por formadores de opinião,
setores da mídia e amplamente na “internet”.
A
contra-propaganda do PT tendo como alvo Geraldo Júlio só fortaleceu Daniel
Coelho, que não teve um grande padrinho para trazer para si, mas teve seus
méritos para ganhar seus próprios votos. Na participação dos padrinhos, Geraldo Júlio
teve a presença do governador Eduardo Campos em tudo que é peça publicitária e até
pessoalmente nos atos de campanha. Na de Humberto, o ex-Presidente Lula figurou
somente nas peças publicitárias, mas teve o vice João Paulo envolvido em tudo
que foi feito. Como Prefeito por oito anos numa gestão avaliada como excelente,
também faz toda a diferença.
O PT até agora
– tomando as mídias sociais para análise – não fez campanha “puxando” votos
para o seu candidato majoritário porque faltaram conteúdo e relevância no que
foi divulgado. Quando partiu para o ataque contra Geraldo Júlio, na verdade
começou a fazer campanha gratuita para Daniel Coelho, o que só demonstra um
esforço em vão até o momento. Se vai conseguir reverter isso em menos de duas
semanas só o tempo vai dizer.
É normal as
mudanças de estratégias das candidaturas nesse momento, principalmente para as
que precisam se consolidar em busca de mais votos, o que abrange a todas, seja
para ir para o segundo turno, seja para ganhar no primeiro turno. Quem errar
menos vai levar ou seguir adiante.
O clima de já
ganhou da campanha de Geraldo Júlio vai deixar sua campanha mais morna. Sem
contar o desânimo dos seus candidatos a vereador quando passarem a entender que só pouquíssimos tinham chances de se
eleger e que só trabalham para eleger Geraldo Júlio sem vislumbrar nenhum espaço caso ele seja eleito, porque a
disputa por cargos vai ser mais acirrado que a eleição diante da imensidão de
gente interessada nas “boquinhas”. Colocar essa gente toda na Prefeitura não
tem como não, porque tudo indica que uma boa parcela será destinada aos apadrinhados
de João da Costa, sendo até necessárias quatro secretarias para acomodar os
membros e associados de legendas como PMDB e PTB. A briga vai ser grande se
Geraldo ganhar!
O candidato
que chegar à Prefeitura vão precisar cortar muitos gastos para fazer tudo que
prometeu. Para cada novo funcionário que prometem colocar por concurso, no
mínimo dois cargos comissionados precisam ser extintos para pagar a conta e
criar as condições de trabalho para o novo servidor. Não tem como, por exemplo,
dobrar o efetivo da Guarda Municipal com o atual efetivo de funcionários
comissionados, porque vai estourar o orçamento e enquadrar o prefeito na Lei de
Responsabilidade Fiscal que determina até quanto se pode gastar com pessoal. A
máquina está emperrada e vai ser preciso muito trato para colocar as pessoas
certas nas funções certas seja quem o eleito.
O PT deve
intensificar sua campanha e lutar para chegar ao segundo turno. O esquenta
mesmo vai dar nas campanhas de Humberto e Daniel, porque a campanha de Geraldo
Júlio chegou ao seu ponto de saturação, tendendo agora para a estagnação caso
não se corrijam os principais pontos soltos da campanha.
Os últimos
debates de Tv vão tendem a dar o molde final às intenções de voto, sem contar o trabalho
intensificado das militâncias que só deve
cessar com o fechamento das urnas do dia 07 de outubro. A “internet”
deve ficar sobrecarregada nos próximos dias com propagandas eleitorais, também,
assim como as instâncias judiciais que serão acionadas de todas as formas
visando influenciar muito mais as decisões dos eleitores e neutralizar as
demais candidaturas do que uma busca efetiva por justiça. Vamos acompanhando
tudo isso até lá!
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