terça-feira, 25 de setembro de 2012

OPINIÃO: A reta final do primeiro turno das eleições 2012 e as primeiras boas lições que o pleito nos deixa (Por Otávio Luiz Machado)

A reta final do primeiro turno das eleições 2012 e as primeiras boas lições que o pleito nos deixa
Otávio Luiz Machado*

Já estamos nos aproximando da última semana de campanha eleitoral, tendo ainda uma margem muito favorável à troca de posições dos preferidos entre os nomes que postulam a Prefeitura de Recife nessa reta final pelo eleitorado.
Por mais que nos esforcemos para antecipar tendências ou indicar os possíveis vencedores, a eleição de 2012 nos passa a lição de que o eleitor está mais preparado e interessado em tornar o seu voto uma arma de mudança. Só do eleitor estar apostando em vários caminhos indica que os currais eleitorais estão perdendo força. A dificuldade de decifrar a priori as escolhas do eleitor – como o contraste entre as pesquisas apontam – nos indica claramente que o eleitor pensa, repensa, estuda e modifica o seu voto com mais freqüência até o momento final da “escolha”, o que é um enorme avanço. O que significa que só o resultado final das urnas poderá  nos fornecer todas as respostas que pensamos que temos e não temos.
Até agora diversos mitos foram desfeitos, como a “lavada” do primeiro turno pelo PT ou o PSB. Nada disso se concretizou em nenhum dos dois lados. Outros como a morte da oposição – que se mostra mais viva como nunca com Daniel Coelho -, o poderio total de Eduardo ou de Lula na condução de seus “apadrinhados” ou a flexibilidade dos tribunais para a inscrição de candidatos fichas-sujas são fatos que indicam o amadurecimento da nossa democracia.
As pesquisas de intenção de voto não batem muito entre si, embora apontam um provável segundo turno e a incerteza quanto a quem disputará com Geraldo Júlio.  Um quadro que pode ser modificado até os últimos momentos da eleição, porque embora a transmissão da campanha pela TV vai ser encerrado dias antes do pleito de 07 de outubro, ainda se tem a “internet” que pode criar tendências horas antes do início da votação e mudar os rumos, porque as margens numéricas estão muito próximas. Ainda temos os eleitores que ainda não se decidiram de fato que, embora sejam bem reduzidos nessa altura do campeonato, também ajudarão a embolar o embolado jogo em alguns dos seus aspectos.
Será em 2012 que pela primeira vez poderemos avaliar isso, porque de 2010 para cá cresceu significativamente o número de cidadãos conectados e ampliou enormementente a utilização do facebook, do twitter, do acesso a blogs e do aparelho celular como ferramentas de acesso e difusão de informações.
O crescimento da candidatura de Geraldo estacionou, a de Daniel Coelho cresce num ritmo galopante e a de Humberto, quando não saiu do mesmo lugar, tendeu mais a diminuir do que crescer.
A candidatura de Humberto é a que se encontra num grande dilema: se trabalha para tirar votos de Geraldo, fortalece Daniel; se trabalha para tirar votos de Daniel fortalece Geraldo. Então, se mexe errado em algo dá gás a Geraldo ganhar no primeiro turno ou de Daniel estar lá na posição de segundo lugar que  o PT passou a ocupar.
A mudança de votos das camadas mais abastadas ou mesmo das camadas médias nessa altura do campeonato pode ser mais difícil, porque se não escolheram o PT certamente nesse momento não o farão. As camadas desprivilegiadas vai ser a grande “mina”, o que não é por acaso que todos os candidatos se concentram mais nelas nesse momento.
O PT nas condições atuais, que viu seus votos serem divididos pela metade no teste de força contra o Prefeito João da Costa e a candidatura que surgiu (ou sendo subtraídos a cada nova crise nas mais diversas dimensões), também vai passar por um novo teste agora na fase do julgamento pelo STF do chamado núcleo político envolvido no “Mensalão”. A figura de Lula começou a ser largamente atacada nos últimos dias, o que tende a ser maior nos próximos dias.
O PSB errou muito ao dar a Geraldo o crédito a tudo que foi feito no governo Eduardo Campos, cuja propaganda repetitiva começou a se voltar contra si com a propaganda maciça do PT questionando a possível “autoria” de Geraldo nisso tudo, que começou a ganhar contornos claros com a campanha nas mídias sociais ironizando através da página “Foi Geraldo que fez” e nos próprios atitudes de Geraldo, que se passou de bonzinho ao retirar todos os cavaletes mesmo por dois meses poluindo a cidade, que num debate que teve repercussão quando  disse que monitorou Humberto enquanto Secretário das Cidades, tudo isso bem divulgado por formadores de opinião, setores da mídia e amplamente na “internet”.
A contra-propaganda do PT tendo como alvo Geraldo Júlio só fortaleceu Daniel Coelho, que não teve um grande padrinho para trazer para si, mas teve seus méritos para ganhar seus próprios votos.  Na participação dos padrinhos, Geraldo Júlio teve a presença do governador Eduardo Campos em tudo que é peça publicitária e até pessoalmente nos atos de campanha. Na de Humberto, o ex-Presidente Lula figurou somente nas peças publicitárias, mas teve o vice João Paulo envolvido em tudo que foi feito. Como Prefeito por oito anos numa gestão avaliada como excelente, também faz toda a diferença.
O PT até agora – tomando as mídias sociais para análise – não fez campanha “puxando” votos para o seu candidato majoritário porque faltaram conteúdo e relevância no que foi divulgado. Quando partiu para o ataque contra Geraldo Júlio, na verdade começou a fazer campanha gratuita para Daniel Coelho, o que só demonstra um esforço em vão até o momento. Se vai conseguir reverter isso em menos de duas semanas só o tempo vai dizer.
É normal as mudanças de estratégias das candidaturas nesse momento, principalmente para as que precisam se consolidar em busca de mais votos, o que abrange a todas, seja para ir para o segundo turno, seja para ganhar no primeiro turno. Quem errar menos vai levar ou seguir adiante.
O clima de já ganhou da campanha de Geraldo Júlio vai deixar sua campanha mais morna. Sem contar o desânimo dos seus candidatos a vereador quando passarem a entender  que só pouquíssimos tinham chances de se eleger e que só trabalham para eleger Geraldo Júlio sem vislumbrar  nenhum espaço caso ele seja eleito, porque a disputa por cargos vai ser mais acirrado que a eleição diante da imensidão de gente interessada nas “boquinhas”. Colocar essa gente toda na Prefeitura não tem como não, porque tudo indica que uma boa parcela será destinada aos apadrinhados de João da Costa, sendo até necessárias quatro secretarias para acomodar os membros e associados de legendas como PMDB e PTB. A briga vai ser grande se Geraldo ganhar!
O candidato que chegar à Prefeitura vão precisar cortar muitos gastos para fazer tudo que prometeu. Para cada novo funcionário que prometem colocar por concurso, no mínimo dois cargos comissionados  precisam ser extintos para pagar a conta e criar as condições de trabalho para o novo servidor. Não tem como, por exemplo, dobrar o efetivo da Guarda Municipal com o atual efetivo de funcionários comissionados, porque vai estourar o orçamento e enquadrar o prefeito na Lei de Responsabilidade Fiscal que determina até quanto se pode gastar com pessoal. A máquina está emperrada e vai ser preciso muito trato para colocar as pessoas certas nas funções certas seja quem o eleito.
O PT deve intensificar sua campanha e lutar para chegar ao segundo turno. O esquenta mesmo vai dar nas campanhas de Humberto e Daniel, porque a campanha de Geraldo Júlio chegou ao seu ponto de saturação, tendendo agora para a estagnação caso não se corrijam os principais pontos soltos da campanha.
Os últimos debates de Tv vão tendem a dar o molde final às  intenções de voto, sem contar o trabalho intensificado das militâncias que só deve  cessar com o fechamento das urnas do dia 07 de outubro. A “internet” deve ficar sobrecarregada nos próximos dias com propagandas eleitorais, também, assim como as instâncias judiciais que serão acionadas de todas as formas visando influenciar muito mais as decisões dos eleitores e neutralizar as demais candidaturas do que uma busca efetiva por justiça. Vamos acompanhando tudo isso até lá!

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