terça-feira, 4 de setembro de 2012

Uma homenagem ao Professor Denis Bernardes (Por Otávio Luiz Machado)

Uma homenagem ao Professor Denis Bernardes
Otávio Luiz Machado*

    Ao receber a notícia do falecimento do Professor Denis Bernardes (na foto o último à direita), que era ligado ao Departamento de Serviço Social da UFPE, também fiquei bastante entristecido, porque via nele uma das pessoas mais sensíveis e comprometidas com o desenvolvimento educacional e científico do Brasil, sem contar a figura humana que cativava a todos que o conheciam.
    Quando começamos a pensar nele após esse triste episódio, o que nos alenta é que ele deixou vasta obra, sem contar o seu exemplo e as lições que deixa como acadêmico e pessoa, pois conseguiu contribuir com a formação de inúmeras pessoas ao longo de vários décadas e ensinar tarefas intelectuais fundamentais.
    A simplicidade de Denis Bernardes não contrastava com o seu status acadêmico invejável. Era um dos que  soube fundir vida pessoal, vida acadêmica e projetos futuros. Não erra arrogante e nem ficava por aí tentando mostrar a si mesmo de forma vangloriosa, porque deixou marcas que não se apagarão, além de ser uma figura que se superava a cada novo desafio.
    Em 2010 recebemos o convite dele para escrever um artigo coletivo sobre juventudes para a Revista Estudos Universitários da UFPE, na qual ele era o editor. No mesmo ano tivemos a participação dele num seminário nacional que organizamos na UFPE sobre os jovens. Em seguida participamos juntos da Conferência sobre Tecnologia, Cultura e Memória (CTCM) no Instituto Brennand. Num dos dias da atividade saímos de lá juntos e fomos conversando até a UFPE, inclusive trocando experiências das atividades que tínhamos interesses em comum.
    Também me encontrei com eles várias vezes quando fazia alguns registros do cotidiano da universidade, no qual ele incentivava falando de sua importância e apontando o ineditismo da nossa iniciativa. O último contato que tive com ele faz quinze dias, quando Denis enviou uma mensagem pelo correio eletrônico me parabenizando pelo artigo GREVE: A GERAÇÃO ANOS 1970 NO COMANDO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Foi a última vez que trocamos uma mensagem e alimentamos um convívio intelectual intenso.
    Há dois anos atrás o nosso grupo fez um vídeo com ele, inclusive para registrar e buscar difundir o trabalho dele a partir da UFPE. Ele falou sobre sua formação e o que vinha desenvolvendo na ocasião.

http://www.youtube.com/watch?v=lZwyJcWy9p0

    O que se busca nesse momento é a tranquilização das pessoas para que superem essa irreparável perda, ao mesmo tempo em que a UFPE e tantas outras instituições façam as devidas e merecidas homenagens ao grande Denis Bernardes. O próximo trabalho que vou publicar será dedicado a ele. Nesse momento além do que já disse, também cabe dizer uma última coisa. Boa viagem, Denis!
    * E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br 

2 comentários:

  1. Muito bom o seu comentário, Otávio! Segue o meu de velha amiga:
    Algumas palavras a Denis Bernardes, por nossa grande amizade, iniciada desde 1969.
    Emilia Maria Mendonça de Morais
    Recife, 02 de setembro de 2012

    Todos nós sabemos por que estamos aqui hoje; todos nós recebemos e desfrutamos a dádiva da presença, da atenção e da amizade de Denis.
    Ele foi sobretudo um amante da justiça e, muito particularmente, da beleza, cuja fome podemos saciar sem contra-indicações ou efeitos colaterais.
    Guardemos sobretudo isso dele porque vivemos em um tempo que nem mais reconhece esses valores como vitais. Corremos o risco de nos contentarmos com muito menos; menos que a justiça, muito menos que a beleza.
    Denis foi também um amante da alegria! Por tudo isso, relembro algumas das palavras que encerraram o discurso de Guimarães Rosa quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras: "A gente morre é para provar que viveu".
    E como Dênis viveu!
    Disse ainda Guimarães Rosa:
    "Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso coração alegria!" (...) As pessoas não morrem, ficam encantadas"
    Logo em seguida, concluiu: O mundo é mágico.
    Vamos dar, aqui e agora, movidos pela saudade e pela esperança, um crédito de confiança ao poeta: se nós ainda estamos vivendo neste mundo, é só porque nós mesmos ainda não nos tornamos encantados; mas, se este mundo é mesmo mágico, então, nós todos estamos vivendo sob muitos sortilégios e encantamentos.
    Por isso eu pediria: apesar de toda a nossa tristeza por sua ausência, que nós nos nutríssemos, a partir deste instante, do doce encantamento que foi desfrutar da amizade de Denis.

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  2. Emília, valeu! Vou divulgar o seu comentário no face e em outros canais. Denis merece isso!

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