segunda-feira, 26 de novembro de 2012

OPINIÃO: Comunidade do Bom Jesus: não esqueceremos (Por Pedro Brandão)

Comunidade do Bom Jesus: não esqueceremos (Por Pedro Brandão)

Semana passada estive, como advogado dos moradores da Comunidade Bom Jesus e do Coletivo de Lutas Comunitárias, em reunião com a Prefeitura da Cidade do Recife. O Povo ocupou a sede do Poder Execu
tivo, na manhã da quarta-feira, exigindo o auxílio-moradia prometido pela Prefeitura (Neste episódio, mais uma vez, ficaram confinados no hall da entrada, rodeados por um cinturão de guardas municipais, porque prédio PÚBLICO não é local do Povo, claro). 

A história: Em 23 de maio do presente ano, 36 famílias da Comunidade do Bom Jesus foram despejadas do seu local de moradia. Não houve ação judicial, nem sequer a prévia informação aos moradores de que eles deveriam sair daquele local (porque – supostamente – era um local público).

O método: O mais brutal e insensível possível, com o Choque e a PM/PE com o pé na porta dos moradores, às 5 horas da manhã, além de tratores e trabalhadores derrubando os barracos. Mas não foi só isso. A Prefeitura da Cidade do Recife sequer disponibilizou abrigos, auxílio-moradia ou inclusão na lista de habitacionais para aquelas pessoas. Famílias, crianças e idosos foram jogados a própria sorte.

A resistência: Toda aquela violência perpetrada pelo Estado não poderia passar impune. Os moradores se organizaram. Ocuparam a Câmara dos Vereadores, e, em seguida a Prefeitura. Depois de muita luta e persistência foi estabelecido um acordo: disponibilização de abrigo temporário para as famílias; concessão de auxílio-moradia e inclusão em lista de habitacionais. 


E depois? Das trinta e seis famílias despejadas, apenas três foram incluídas em projetos habitacionais; outras 33 esperam até hoje o auxílio-moradia e a inclusão em projeto de habitacionais. E é por isso que eles estavam ali semana passada, porque a Prefeitura se recusa a cumprir o acordo, apresentando várias “justificativas”, todas injustificáveis.

Conclusão: É essa é a mesma Prefeitura que financiou, no valor de R$ 200 mil reais, o “Shopping Day”, evento realizado para patrocinar grandes marcas de roupa de nossa cidade e para suprir os sonhos de consumo da "high society" pernambucana.

Falta dinheiro para efetivação do Direito Constitucional à moradia e sobra para grandes eventos relacionados à moda e ao consumo. É essa a prioridade. Mas o Povo do Bom Jesus já deu o seu recado. Não desistira e lutará por seus Direitos.

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