quarta-feira, 21 de novembro de 2012

OPINIÃO: A situação da Casa do Estudante da UFPE e a despreocupação com os estudantes: um enorme déficit na política de assistência estudantil na universidade (Por Otávio Luiz Mahado)



A situação da Casa do Estudante  da UFPE e a despreocupação com os estudantes: um  enorme déficit na política de assistência estudantil na universidade
Por Otávio Luiz Machado*

Depois de ver os contrastes na AGILIZAÇÃO das obras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde o gabinete do Reitor Anísio Brasileiro passa por mais outra reforma enquanto a Casa do Estudante continua com uma parte da obra a passos de tartaruga e a outra se encontra abandonada com o mato tomando conta ao seu redor, mais uma vez fui estimulado a escrever sobre um tema que dediquei várias pesquisas e publicações, que é a história das casas de estudantes e demais moradias universitárias no Brasil. 
Algumas imagens que fiz hoje (precisamente dia 21 de novembro de 2012) podem ser acessado aqui:

http://www.facebook.com/media/set/?set=a.519120811431358.123012.100000003300640&type=1 

O fato é que do jeito que está não pode continuar, pois não vai adiante e nem volta ao que era. Às vezes ficar no meio do caminho é o que temos de pior, porque quem não se lembra da retirada dos ventiladores do Centro de Educação da UFPE para a INSTALAÇÃO de um conjunto de ar-condicionados, que também ficou no meio do caminho?

No caso da Casa do Estudante, o problema é de máxima urgência, porque as aulas já estão voltando. A imagem abaixo é só um pequeno aspecto da situação. Do lado direito o TAPUME já foi comido pelo tempo e não consegue mais esconde o que podemos falar sutilmente de DESCASO. Só para sermos educados, porque aquilo ali é pago pelo contribuinte. 
 
 




No início do ano trazemos a pedido de um estudante do curso de Geografia da UFPE a sua indignação, pois vivia numa situação onde a permanência na universidade estava comprometida porque a instituição praticamente tinha abandono um grupo numa área da universidade cuja destinação era outra.
O desabafo (e a postura crítica do estudante)  pode ser assistido aqui:



Depois dessa divulgação, quando fiquei sabendo pela própria Pró-Reitora de Assuntos Estudantis que o Reitor Anísio Brasileiro viajou especificamente a Brasília para conseguir verba necessária para resolver a situação, pelo que soube, resolveu.
Pelo que passou no Fantástico na última semana, que mostrou também um contraste na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde os estudantes corriam o risco de acidentes graves vivendo na Casa de Estudantes daquela instituição, a pergunta que fica é a seguinte: por qual motivo os estudantes NUNCA são a prioridade em várias universidades?
O que mais me assusta é o encontro de raras cenas de solidariedade dos demais estudantes que deveriam se unir para ajudar os colegas nessa situação, onde o silêncio da maioria das chamadas entidades estudantis é maior do que qualquer ação efetiva em prol do coletivo, pois no meio deles tem os privilegiados que conseguem bolsas, ônibus para excursão, verbas para festas, etc, obviamente para atender pequenos grupos que são minoritários se considerarmos o contingente  de estudantes que ralam muito para poder frequentar as aulas, ter acesso aos livros-xerox, pagar o lanche e a meia-passagem.
Se considerarmos que a ampliação do acesso à universidade vai chegar em breve aos 50% de estudantes oriundos de escolas públicas, que são uma parcela que precisa de bolsas de apoio, de acesso ao R.U. subsidiado, de moradia universitária gratuita e de tantos outros DIREITOS, o que podemos vislumbrar é que a DECEPÇÃO desses alunos vai ser grande quando chegarem finalmente ao campus no primeiro dia.
A conquista da assistência estudantil da UFPE via Casa do Estudante tornou-se  contraditoriamente algo a desserviço dos estudantes que são oriundos das camadas desprivilegiadas, porque os recursos utilizados para o pagamento do auxílio-moradia de algo que já era para estar sendo utilizado vem da mesma rubrica orçamentária da assistência estudantil gerando uma despesa em duplicidade.
Em outras palavras, ao invés de ativar novas bolsas aos estudantes que precisam e até agora não foram sequer chamados para serem contemplados, a demora da obra não coloca para dentro do sistema de moradia os que nela já estavam porque os imóveis estão desocupados e a ajuda-moradia não contempla o que eles já haviam conquistado, o que é uma retirada de direitos sem precedentes.
O contingente de estudantes que precisam e não são atendidos é muito alto, por isso a UFPE não está abrindo mais vagas via cotas, para não falir de vez a sua precária e frágil política de assistência estudantil.
Essa obra só não consegue ser mais atrapalhada que a RETIRADA do pouco que existe de verde na FACULDADE DE DIREITO DE RECIFE (DA UFPE) para a criação de ESTACIONAMENTO. Os estudantes bem que tentaram impedir isso, mas a INTRANSIGÊNCIA falou mais forte.


 
O que sabe é que a situação da obra da nova Casa do Estudante que será mista está sendo averiguada pelo Ministério Público Federal, que deveria tomar providências como a própria Justiça Federal tomou em relação aos elevadores do Hospital das Clínicas,  pois em ambos os casos são situações que ferem a dignidade humana, penaliza quem mais precisa e não favorece nem pedagógica e muito menos a questão cidadã, porque fere em cheio o interesse público.
P.S. o vídeo com matéria da Globo está aqui:


*É educador, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

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